“Que tipo de mundo queremos deixar a quem vai suceder-nos, às crianças que estão a
crescer? Para que viemos a esta vida? Para que trabalhamos e lutamos? Que necessidade tem de nós esta terra? Se não pulsa nelas esta pergunta de fundo, não creio que as nossas preocupações ecológicas possam surtir efeitos importantes” . Papa Francisco
Todos nós desejamos a felicidade para as nossas crianças, alunos, filhos, sobrinhos, ou o bonitinho que nos sorriu ao ver -nos patéticos adultos a passar. Mas felicidade não é satisfação do consumidor. Felicidade não se compra, pois o que se compra se paga, tem custo.
Dentro
das contradições para a existência dos humanos no planeta terra o
ritmo de consumo e a ideologia do consumo colocam-nos, humanos, em situação de
colapso existencial. Por certo, como cita o papa em sua encíclica, não é o
planeta que está em perigo, mas a existência do homem neste planeta. Para isso,
é necessária uma tomada de consciência, que a ameaça mundial se torne, um
“sofrimento íntimo”.
Contudo,
tal consciência de si não é colaborada no cerne da ideologia propalada, a
ideologia do consumo, que reforça os instrumentos de alienação que vão muito
além do indivíduo alijado dos meios de produção para sua existência. A própria
característica do humano enquanto animal multifacetado em potencialidades e
capacidades na multidão se anula, pois na solidão não somos nada.
Nunca uma sociedade foi tão homogênea, como a
massificada pela cultura do consumo, como nos aparece no documentário “Criança
a Alma do Negócio,” desde os modos de se vestir até os sonhos e ambições. Os
homens parecem ser iguais, não se distinguem as cidades do mundo, ao observar
seus habitantes e as suas lojas.
O
trabalho enquanto fator que impulsiona a individualização transforma o sujeito
multifacetado de múltiplas capacidades e potencialidades em um sujeito
unilateral e único, numa peça de engrenagem.
Mas nós sujeitos temos que cuidar da nossa própria existência, pois, não
somos parte do produto feito.
Radicalizamos, o trabalho fazia parte da nossa preocupação com a própria sobrevivência, antes éramos trabalhadores pobres, desprovidos do meio de produção, agora somos sujeitos trabalhadores, com uma consciência enfeitiçada por signos de consumo e nossa realização ideológica, acaba atrelada ao consumo de produtos, de status de consumo que nos leva a padrões de endividamentos que nos detêm por anos.
Radicalizamos, o trabalho fazia parte da nossa preocupação com a própria sobrevivência, antes éramos trabalhadores pobres, desprovidos do meio de produção, agora somos sujeitos trabalhadores, com uma consciência enfeitiçada por signos de consumo e nossa realização ideológica, acaba atrelada ao consumo de produtos, de status de consumo que nos leva a padrões de endividamentos que nos detêm por anos.
Uma das provas de como este tipo
de alienação está enraizado nas atividades de nossa sociedade é o aumento
significativo da legitimidade da nova ideologia hedonista e consumista
pós-moderna. Segundo tais coordenadas culturais, cada indivíduo
precisa estar apto e livre para buscar sua felicidade individual, que é
reconhecida como o fim último e sentido da vida.
Seres cada vez mais parecidos com que Durkheim se preocupava ao tratar como “anomia sociais”, ou, Marx sobre “alienação” em relação aos outros homens , quando não se reconhece em seu aspecto mais fundamental, que é o trabalho, e quando ele não é reconhecido como parte essencial da vida humana e do ser humano enquanto gênero/espécie, então não só a própria vida é uma objetivação nociva, mas toda e qualquer vida já não tem seu significado.
Enquanto
a educação for avaliada como a produtora de “recursos humanos” e não o palco de
preocupação com as novas gerações e apresentar o conhecimento inclusive dos
problemas para as crianças, no sentido do combate a alienação com a construção
de uma consciência coletiva, a educação se mostrará inócua.
Primeiro os sensibilizar (não omitir nem negar) sobre os aspectos mais amplos dos problemas globais, alguns problemas que
precisam ser alertados às crianças nas escolas:
Tendo
ainda como perspectiva o aumento linear da população mundial, atrelado ao
crescimento urbano, que ultrapassou população rural em 2013, a sobrevivência de todos,
a segurança alimentar e a distribuição de alimentos e recursos essenciais
ficará como?
Temos que preocupar as crianças com as questões:
- Haverá
alimentos para todos?
- Quem
vai produzir alimentos?
- De onde virão os alimentos para a cidade?
- Como virão para as cidades?
Se
levarmos em conta a sociedade consumista tornou-se massificada e homogênea também a ao adotar um padrão alimentar
ocidental, em especial, os lanches dos EUA, cuja principal fonte de proteína é a
carne vermelha e de carboidratos é a farinha de trigo refinada e o açúcar refinado,
sabemos que esse tipo de alimento se produz com alto passivo ambiental, temos
que preocupar as crianças com as questões:
- Que
tipos de alimentos servirá para todos?
- Como
repartir alimentos para todos?
- Se
você, sua família e sua comunidade ficar sem alimentos, como vai fazer?
- O que você está consumindo como alimento tem
causado malefícios a sua saúde?
- Todas
as crianças comem as mesmas coisas?
A demanda tecnológica nos levou a
viver com necessidade de energia elétrica, a eletricidade é fundamental para a
transformação das riquezas que proporcionam melhor eficiência na produção e
manutenção da vida, bem como trouxe qualidade de vida para todos, contudo:
- Que tipo de força e potência temos que
transformar em energia elétrica?
-De onde vem e como se faz a
energia que faz funcionar o seu vídeo game?
Ainda que não aja consenso sobre
o aquecimento global, as vidas nas cidades estão cada vez mais desconfortáveis
e nocivas, pois o meio ambiente urbano e o meio ambiente em que as cidades
estão inseridas estão exauridos e desarranjados:
- Como melhorar a vida na cidade e tornar a existência humana sustentável?
- Como melhorar a vida na cidade e tornar a existência humana sustentável?
Referências:
CRIANÇA, a alma do negócio. Produção: Estela Renner e Marcos Nisti. São Paulo: Maria Farinha Produções, 2007. 90 min. Color. Port. Disponível em < https://www.youtube.com/watch?v=KQQrHH4RrNc > Acessível em 09/05/2016;
DURKHEIM,
Émile. Da divisão do trabalho social. Martins Fontes, 1977;
DOWBOR,
Ladislau et al. Resgatando o potencial financeiro do país.Dowbor. org, São
Paulo, outubro, 2015. Disponível em: < http://dowbor.org/principais-livros/ >Acessível em 09/05/2016;
FRANCISCO,
Papa. Carta Encíclica Laudato Si': Sobre o cuidado da casa comum. Vaticano:
Tipografia Vaticana, 2015. Disponível em < http://www.crbnacional.org.br/site/attachments/article/2068/CARTA%20ENC%C3%8DCLICA%20LAUDATO%20S%C3%8D.pdf
> Acessível em 09/05/2016
MARCIAL, E.C. Megatendências Mundiais 2030: O que entidades e personalidades internacionais pensam sobre o futuro do mundo? Contribuição para um debate de longo prazo para o Brasil. IPEA, Brasília, Brasil, 2015. Disponível em < http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/livros/livros/151013_megatendencias_mundiais_2030.pdf > Acessível em 09/05/2016;
MARX, Karl; GIANNOTTI, José Arthur. Manuscritos econômico-filosóficos e outros textos escolhidos. São Paulo: Abril Cultural, 1978;
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