quarta-feira, 11 de maio de 2016

Consumismo e Ambientalismo





“Que tipo de mundo queremos deixar a quem vai suceder-nos, às crianças que estão a
crescer?  Para que viemos a esta vida? Para que trabalhamos e lutamos?  Que necessidade tem de nós esta terra? Se não pulsa nelas esta pergunta de fundo, não creio que as nossas preocupações ecológicas possam surtir efeitos importantes” .       Papa Francisco

Todos nós desejamos a felicidade para as nossas crianças, alunos, filhos, sobrinhos, ou o bonitinho que nos sorriu ao ver -nos patéticos adultos a passar.  Mas felicidade não é satisfação do consumidor. Felicidade não se compra, pois o que se compra se paga, tem custo.
Dentro das contradições para a existência dos humanos no planeta terra o ritmo de consumo e a ideologia do consumo colocam-nos, humanos, em situação de colapso existencial. Por certo, como cita o papa em sua encíclica, não é o planeta que está em perigo, mas a existência do homem neste planeta. Para isso, é necessária uma tomada de consciência, que a ameaça mundial se torne, um “sofrimento íntimo”.
            Contudo, tal consciência de si não é colaborada no cerne da ideologia propalada, a ideologia do consumo, que reforça os instrumentos de alienação que vão muito além do indivíduo alijado dos meios de produção para sua existência. A própria característica do humano enquanto animal multifacetado em potencialidades e capacidades na multidão se anula, pois na solidão não somos nada.
 Nunca uma sociedade foi tão homogênea, como a massificada pela cultura do consumo, como nos aparece no documentário “Criança a Alma do Negócio,” desde os modos de se vestir até os sonhos e ambições. Os homens parecem ser iguais, não se distinguem as cidades do mundo, ao observar seus habitantes e  as suas lojas.
O trabalho enquanto fator que impulsiona a individualização transforma o sujeito multifacetado de múltiplas capacidades e potencialidades em um sujeito unilateral e único, numa peça de engrenagem.  Mas nós sujeitos temos que cuidar da nossa própria existência, pois, não somos parte do produto feito.
Radicalizamos, o trabalho fazia parte da nossa preocupação com a própria sobrevivência, antes éramos trabalhadores pobres, desprovidos do meio de produção, agora somos sujeitos trabalhadores, com uma consciência enfeitiçada por signos de consumo e nossa realização ideológica, acaba atrelada ao consumo de produtos, de status de consumo que nos leva a padrões de endividamentos que nos detêm por anos.
        Uma das provas de como este tipo de alienação está enraizado nas atividades de nossa sociedade é o aumento significativo da legitimidade da nova ideologia hedonista e consumista pós-moderna. Segundo tais coordenadas culturais, cada indivíduo precisa estar apto e livre para buscar sua felicidade individual, que é reconhecida como o fim último e sentido da vida.

Seres cada vez mais parecidos com que Durkheim se preocupava ao tratar como “anomia sociais”, ou, Marx sobre “alienação” em relação aos outros homens , quando não se reconhece em seu aspecto mais fundamental, que é o trabalho, e quando ele não é reconhecido como parte essencial da vida humana e do ser humano enquanto gênero/espécie, então não só a própria vida é uma objetivação nociva, mas toda e qualquer vida já não tem seu significado.

Enquanto a educação for avaliada como a produtora de “recursos humanos” e não o palco de preocupação com as novas gerações e apresentar o conhecimento inclusive dos problemas para as crianças, no sentido do combate a alienação com a construção de uma consciência coletiva, a educação se mostrará inócua.

        Primeiro os sensibilizar (não omitir nem negar) sobre os aspectos mais  amplos dos problemas globais,  alguns problemas que precisam ser alertados às crianças nas escolas:
        Tendo ainda como perspectiva o aumento linear da população mundial, atrelado ao crescimento urbano, que ultrapassou população rural em 2013, a sobrevivência de todos, a segurança alimentar e a distribuição de alimentos e recursos essenciais ficará como?

 Temos que preocupar as crianças com as questões:

- Haverá alimentos para todos?
- Quem vai produzir alimentos?
- De onde virão  os alimentos para a cidade?
- Como virão para as cidades?

Se levarmos em conta a sociedade consumista tornou-se massificada e homogênea  também a ao adotar um padrão alimentar ocidental, em especial, os lanches dos EUA, cuja principal fonte de proteína é a carne vermelha e de carboidratos é a farinha de trigo refinada e o açúcar refinado, sabemos que esse tipo de alimento se produz com alto passivo ambiental, temos que preocupar as crianças com as questões:

- Que tipos de alimentos servirá para todos?
- Como repartir alimentos para todos?
- Se você, sua família e sua comunidade ficar sem alimentos, como vai fazer?
-  O que você está consumindo como alimento tem causado malefícios a sua saúde?
- Todas as crianças comem as mesmas coisas?


A demanda tecnológica nos levou a viver com necessidade de energia elétrica, a eletricidade é fundamental para a transformação das riquezas que proporcionam melhor eficiência na produção e manutenção da vida, bem como trouxe qualidade de vida para todos, contudo:

- Que tipo de força e potência temos que transformar em energia elétrica?
-De onde vem e como se faz a energia que faz funcionar o seu vídeo game?

Ainda que não aja consenso sobre o aquecimento global, as vidas nas cidades estão cada vez mais desconfortáveis e nocivas, pois o meio ambiente urbano e o meio ambiente em que as cidades estão inseridas estão exauridos e desarranjados:

- Como melhorar a vida na cidade e tornar a existência humana sustentável?


Apresentar as crianças a curiosidade o desafio e problema é  a melhor maneira de combater alienação consumista, a falsa felicidade sedutora e enganadora, pessoas felizes são aquelas consciente dos seus problemas e limitações, felicidade sem liberdade é enganação.

Referências:

CRIANÇA, a alma do negócio. Produção: Estela Renner e Marcos Nisti. São Paulo: Maria Farinha Produções, 2007. 90 min. Color. Port.  Disponível em < https://www.youtube.com/watch?v=KQQrHH4RrNc  > Acessível em 09/05/2016;

DURKHEIM, Émile. Da divisão do trabalho social. Martins Fontes, 1977;

DOWBOR, Ladislau et al. Resgatando o potencial financeiro do país.Dowbor. org, São Paulo, outubro, 2015. Disponível em: < http://dowbor.org/principais-livros/ >Acessível em 09/05/2016;

FRANCISCO, Papa. Carta Encíclica Laudato Si': Sobre o cuidado da casa comum. Vaticano: Tipografia Vaticana, 2015.  Disponível em < http://www.crbnacional.org.br/site/attachments/article/2068/CARTA%20ENC%C3%8DCLICA%20LAUDATO%20S%C3%8D.pdf  > Acessível em 09/05/2016



MARCIAL, E.C. Megatendências Mundiais 2030: O que entidades e personalidades internacionais pensam sobre o futuro do mundo? Contribuição para um debate de longo prazo para o Brasil. IPEA, Brasília, Brasil, 2015. Disponível em < http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/livros/livros/151013_megatendencias_mundiais_2030.pdf  > Acessível em 09/05/2016;


MARX, Karl; GIANNOTTI, José Arthur. Manuscritos econômico-filosóficos e outros textos escolhidos. São Paulo: Abril Cultural, 1978;









                                                                                                             



Nenhum comentário:

Postar um comentário