Sobre
a imagem: Tulip Trade, Unknown Dutch Artist, circa 1650.
"Mania
das tulipas, tulipomania febre da tulipa ou crise das tulipas são expressões
referentes a um episódio da História dos Países Baixos que deu origem à
primeira bolha especulativa conhecida".
A conjunção dos interesses da burguesia e do rei foram fundamentais na construção do Estado Absolutista.
Um Estado Moderno - Laico em detrimento de um Estado Medieval - Clerical, que atrapalhava a liberdade de iniciativas comerciais (Mercantilistas). Uma vez que a política medieval era nobre (ritualística e fidalga- filha de alguém), que tornava as realizações mercantis onerosa para os comerciantes livres (burgueses) e complicadas, pois muitos burgueses eram de religiões dispersas (judeus, muçulmanos, ciganos).
Com o Renascimento Cultural emergiu a individualidade ao mesmo tempo que estimulou o ideal nacional, do qual o rei era a própria representação material, visto como indivíduo modular exemplar e defensor e protetor da nação. Devemos levar em consideração o fato de que existia uma tradição de poder hereditário, firmado durante toda a Idade Média, quando o poder real não tinha existência de fato, mas sim de direito.
Mas a referência inaugural da
filosofia política moderna, o livro "O príncipe", do florentino Nicolau Maquiavel
(1469-1527), que refletiu sobre as dificuldades de se promover a unificação
política italiana mas, sobretudo, iniciou uma forma original de pesquisa política,
centrada no exercício do poder como virtude própria da política – e não na
concepção da política como atividade dirigida à realização do bem comum. Em seu
chamado realismo político, Maquiavel separou a ética do
cristianismo, compreendendo a política como esfera exterior aos princípios
morais vigentes nas demais relações sociais. Evocando assim um Estado Moderno –
centralizado com um povo em território sob os domínios de um exército de apenas
único rei que cobrasse determinados impostos.
Assim durante os
séculos XVI e XVII, diversos pensadores buscaram justificar o poder absoluto
dos monarcas. A principal obra de Nicolau Maquiavel, O Príncipe,
escrita para responder a um questionamento a respeito da origem e da manutenção
do poder, influenciou os monarcas europeus, que a utilizaram para a defesa do
absolutismo. Maquiavel defendia o Estado como um fim em si mesmo, afirmando que
os soberanos poderiam utilizar-se de todos os meios – considerados lícitos
ou não – que garantissem a conquista e a continuidade do seu poder. As
ações do Estado são regidas pela racionalidade, e não pela moral. Jean Bodin, autor de A República, associava o Estado
à própria célula familiar, colocando o poder real como ilimitado, comparado ao
chefe da família. Jacques Bossuet, contemporâneo de Luís XIV, foi o maior defensor
do direito divino dos reis; em sua obra A Política Extraída
da Sagrada Escritura, afirmava que a monarquia era de origem divina,
cabendo aos homens aceitar todas as decisões reais, pois questioná-las
transformá-los-ia não somente em inimigos públicos, mas também em inimigos de
Deus.
Thomas Hobbes,
autor de Leviatã, proclamou que, em seu estado natural, a vida
humana era "solitária, miserável, desprezível, bestial e breve";
buscando escapar da guerra de todos contra todos, os homens uniram-se em torno
de um contrato para formar uma sociedade civil, legando a um soberano todos os
direitos para protegê-los contra a violência.
Nas
especulações políticas da filosofia moderna, projetaram-se as teorias
contratualistas de Thomas Hobbes (1588-1679), John Locke (1632-1704) e de
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), assentadas na tese de que a sociedade
política é uma construção artificial da humanidade para superar uma original
condição de natureza da humanidade.
O tribunal real passou a
ser considerado última instância julgadora, tornando-se superior aos tribunais
feudais. Os culpados poderiam apelar para o tribunal real, e eram normalmente
considerados inocentes, mediante uma contribuição em dinheiro. Assim, a justiça
transformou-se em outra fonte de renda. O clero, que somente poderia ser
julgado por tribunais eclesiásticos, passou a ser controlado pelo rei. As
petições para julgamento em última instância no tribunal papal, que funcionava
em Roma, foram cancelada. NÃO VALE MAIS RECLAMAR AO BISPO, AO PAPA...
O Feudalismo ruía pela
força revolucionária das relações mercantis, que séculos depois, tanto quanto
sua forma de produção arcaica era insuficiente para superar a crise do século
XIV (Peste Negra, Crise ambiental e Fome, Guerras Internacionais e Religiosas).
O Mercantilismo, ou,
Pré-capitalismo, se fez com a inovação das
rodas de fiar, das tecelagens com força hidráulica e da forja que fez surgir a metalurgia
fabril. Além claro, da grande inovação tecnológica protagonizada pelos
portugueses, a Escola de Sagres, o que levou a Expansão Marítima.
Enquanto isso, nos países
baixos, como na Holanda, da crise das Tulipas, ilustrada acima, letras de
câmbio, bolsas de valores, tornavam mais complexas e livres as trocas
monetárias, para além do emissionismo de moeda com lastro nos tesouros- coroas
reais.
Desta maneira, para as práticas capitalistas nascentes serem livres, era preciso, que houvesse proteção e até cerceamento da liberdade dos rivais de outras nações, de outros reis. O Estado Moderno e o rei Absoluto protegia o capitalismo mercantilista nascente. As idealizações liberalizante ou liberais, surgem no século XVII por entender que o capitalismo poderia seguir, sem o Estado Moderno Absolutista que regulamentava e era oneroso. Apenas no século XX, após a Revolução Russa e no contexto da Guerra Fria, que o Estado de estabelece como instrumento de superação da opressão (ideais e realizações socialistas) ou de promoção do bem estar social.