quinta-feira, 8 de maio de 2014

Educação Profissional: Para Além da Mais Valia.






A educação profissional no Brasil, em especial em São Paulo, em particular em Rio Preto e região tem acrescido possibilidades de desenvolvimento não apenas ao país ou as cidades, mas os sujeitos que a compõe. A educação profissional tem sido tratada por intelectuais, militantes da educação e estudiosos sobre educação como uma coisa de segunda ordem, em “Brasil 500 anos: Tópicas sobre educação” introduz-se e concluísse em capítulo destinado ao tema que a educação profissional foi orquestrada pela elite para agregar mais valia aos trabalhadores, porém, as circunstâncias dos últimos anos nos mostra que essa interpretação é simplista. Nos últimos quinze anos houve uma rápida ampliação dessa modalidade de ensino, e isso precisa ser documentado, dando voz aos trabalhadores que clamam e lutam por educação profissional, que de maneira alguma é oposta à educação humanística.
Quando por volta de 2000 fui à aula inaugural da minha graduação em história o professor Franklin Leopoldo, então diretor da FFLCH-USP, nos apresentou uma reflexão sobre a fundação da USP, enfatizando que o intento dos anos 30 era formação da elite dirigente desse país. Assim ficou na maior universidade pública do Brasil o sentido de que a educação está relacionada ao exercício do poder, logo, chegar à universidade, em especial a pública no Brasil é chegar a um centro privilegiado de poder.
O mundo mudou nesses setenta e poucos anos (entre a fundação da USP e a expansão da Educação Superior Tecnológica), porém educação ainda é exercício de poder, fundamental para o exercício do poder de cidadania numa sociedade democrática. Além do mais, as mudanças tecnológicas promoveram transformações na relação de trabalho e poder, a tecnologia e a educação vão além de agregar mais valia relativa ao trabalhador explorado, educação e tecnologia podem promover autonomia do trabalhador e práticas de produção inovadoras e solidárias. (Veja o caso dos softwares livres e emergência de uma cultura hacker transgressora e inovadora).

O trabalhador, ou estudante que busca uma formação profissional tecnológica ou técnica, não só está a buscar agregar valor ao seu trabalho, como também se mostra capaz e muito eficiente em problematizar sobre a sociedade em que vive e, por sua reflexão e trabalho, buscar superar os dilemas dela. Por isso termino esse artigo de opinião expressando que a educação tecnológica, técnica e profissional no Brasil não são bitoladas e alienadas pela ânsia capitalista. Ela é instrumento de desenvolvimento humano e de libertação dos trabalhadores e me arrisco em escrever que seus críticos das universidades tradicionais, estão defendendo mais seu filão do mercado, do que a educação de qualidade. Tal qualidade da educação pública profissional eu testemunho há mais de dois anos no meu “ganha pão”: ETEC de Olímpia e Fatec de Rio Preto.

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