quinta-feira, 25 de outubro de 2018

O amor é terrorismo




Nesse estado de ódio o amor é terrorismo, o amor é muito ousado, uma ofensa e uma arma para os que não amam.
Mesmo nas antiquíssimas discussões sobre o amor que acaloraram “O Banquete,” Platão (aproximadamente 300 a.C)  já descrevia a ousadia política de Sócrates em trazer a sabedoria de uma mulher, uma estrangeira: a Diotima. Parece que só homens, brutos é que sabem do amor, só que do amor dos outros, não do seu. As mulheres não  sabiam amar? Não sabiam do amor? O amor da mulher não importava.
Sócrates não poderia usar o jogo do contrário para falar de amor. Nem Sócrates, muito menos eu, pois a amor não é negação do seu contrário, o amor foge da lógica e da dialética, pois o amor é fonte de saberes, de argumentos, é a verdade anterior a própria verdade,  se estiver agindo por amor, a verdade é seu guia, caso contrário, você está perdidamente enganado.   
Porém, o apelo emocional emotivo do amor a um ser superior, a uma nação, ou a alguns deuses, serviram por séculos como retórica, conjugada com o medo, para deixar as pessoas escravizadas e servis.
Desde dentro de casa a chantagem é essa, a lenga lenga é sempre a mesma:
_ Se você realmente me ama, você faz isso por mim.
Tem outra:
_Então você prefere eles e não eu? Você não me ama!?
 Mais outras:
 _Brasil! Ame-o ou Deixe-o!  
Para Sérgio Buarque de Holanda, o brasileiro é cordial, completo que são passionais, seres passivos na relação amorosa e na relação política. O deleite, a dor e o prazer dependem da potência do outro. Não buscam um amor equilibrado entre o interesse próprio e o comum, buscam uma relação na qual  há o sadismo contra os que pensam, amam, afetam-se de maneira diferente e o masoquismo de submeter-se a um ser heroico e erótico, com signos de opressão e submissão (É muito comum  o fetiche de  estar sob coturnos, ou de os usar para submeter o parceiro sexual).
Cordialmente  agindo, sensualmente oprimido, as pessoas  perversamente estão se preocupando com a sexualidade alheia,  o que já é muita perversão. Mas agora as pessoas tomarem decisão por odiar os outros (as fobias têm origens na inveja, no medo e na opressão), ou pela ausência de amor, ou total falta de empatia?  Já deve ser a total perda da sensibilidade e do prazer?
Essa neurose (o ódio) é programado e preocupante, pois o amor deve ser cultivado todo o dia, já o ódio basta uma humilhação, uma traição, uma injustiça,  o abandono e a rejeição (esses são as chamadas feridas de índole emocionais mais frequentes) para se enraizar e tomar conta de tudo. Virou ditado o maquiavelismo: "Entre ser temido, ou amado, prefira ser temido!". Mas os príncipes tendem  a serem afáveis entre si, os poderosos se reconciliam rapidamente, enquanto o povo se mata nos becos e currutelas. (O totalitarismo aniquila as relações pessoais para prevalecer as relações com um ser superior um rei, uma nação,  uma religião, um sistema).
Mas e depois de amanhã? Depois de derramar tanto ódio,  com tanta convicção! Como você ficará diante de seus conterrâneos?  Pois, o ser superior, místico, amado e odiado não vai doar sangue para você, não vai ensinar história, matemática e religião para seu filho, não vai comprar ou vender coisas com você. Mas o ser odiado ao seu lado irá fazer sua comida, limpar o chão que você passa, vender casas, carros, roupas para você. Ou você não aceitará viver numa economia real livre porque tem ódio? Você continuará odiando? Até o fim da sua vida? (O totalitarismo aniquila as relações pessoais para prevalecer as relações com um ser superior um rei, uma nação,  uma religião, um sistema).
Ao olhar o passado vemos que a adesão aos totalitarismo ideológicos ou de fé tiveram inicialmente muitas vítimas de discriminação pelo ódio que morreram, depois os algozes, gente comum, simples, soldados, suicidaram-se aos montes, além dos inúmeros fiéis que se matam por seu líder supremo. Isso se deve, pois os indivíduos, mesmo os mais cultos, aderiram e aderem ao autoritarismo como meio de escapar da solidão de tempos de crise, em que julgam não poder confiar em ninguém. A arma (o ódio) você aponta primeiro é para outro e depois você.
Só Cristo  morreu por amor, mas foi um povo cheio de ódio que o matou. 

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