Entender a lógica, como pensar, se o
pensamento sobre alguma coisa segue o caminho correto para pensá-lo.
A lógica não é ciência no sentido de
provar coisas na realidade, mas apenas instrumento de análise do alcance do
discurso argumentativo, prescrevendo os seus limites para evitar conclusões
inadequadas que não são autorizadas pela simples observação das regras do
raciocínio. Somos sempre lógicos ou ilógicos quando usamos nossa capacidade de
argumentar. O estudo da lógica permite apurar a validade dos argumentos que
empregamos para defender uma ideia, pois nem sempre um raciocínio bonito e bem
construído segue as regras do pensar corretamente.
O senso comum no uso que faz da palavra
lógica mostra uma conexão com o seu significado original derivado do termo
grego logos. Logos é conceito fundamental da filosofia grega antiga. Representa
o que os filósofos estoicos, por exemplo, entendiam ser a razão universal
presente em todas as coisas.
De modo mais geral e objetivo, logos
significa palavra ou discurso. Lógica, nesse sentido, é tudo o que diz respeito
ao discurso em sua capacidade de dizer algo com razão, razoabilidade e
inteligibilidade.
É o discurso capaz de comunicar
algo que pode ser compreendido pela inteligência. Logos é razão, e lógica, por
sua vez, é todo discurso capaz de expressar algo que seja compatível com as
leis da razão.
A lógica como disciplina da filosofia é,
pois, o estudo das leis que regem o pensamento racional. Pode-se definir a
lógica como disciplina filosófica, científica ou ainda como arte.
Foram os filósofos os primeiros autores
a se dedicarem ao estudo da lógica. Mais tarde, com o surgimento da ciência
moderna, nasceu uma lógica científica, como instrumento metodológico da
pesquisa científica, ligada principalmente às formas da matemática e da
expressão simbólica.
Qual é o Objeto de Estudo da Lógica?
O objeto de estudo da lógica são as leis
do raciocínio, expressa na argumentação.
Mas o que é um raciocínio?
Antes de definir o que é raciocínio,
leia com atenção as seguintes afirmações:
a) A rua ficou molhada.
b) Você esqueceu o filho na escola.
c) Paulo é vegetariano.
Bem, tudo isso para que você perceba que
lógica trabalha com a base elementar de todo tipo de raciocínio, a inferência.
Inferência é essa operação mental da razão que extrai de uma informação outra
necessariamente implicada ou nela pressuposta, como vimos acima a partir das
três sentenças (A, B e C) usadas como exemplos.
Raciocínio é uma forma de pensamento no
qual se derivam conclusões a partir de informações antecedentes. Inferir já é
raciocinar, pois é extrair uma informação de outra. Entretanto, há formas de raciocínios
mais complexos nos quais se associam informações para se concluir outras novas.
Observe o exemplo de raciocínio abaixo,
embora seja elementar, é mais complexo do que uma simples inferência, porque
associa duas informações para se concluir uma nova.
"Toda mulher é sábia. Maria é
mulher. Logo, Maria é sábia."
Inferência e raciocínio são as bases de
toda argumentação. Argumentar é expressar o raciocínio através da
linguagem.
O argumento é a forma material do
raciocínio, que é, por sua vez, uma operação mental, abstrata, o que não
significa que não seja produto da observação da realidade através de nossos
sentidos.
O argumento é expressão do raciocínio e
serve para defender e provar ideias e teses sobre um fato, situação ou tema
qualquer na forma da linguagem discursiva.
Argumento, inferência e raciocínio são
conceitos correlatos, estão entrelaçados.
Diferenças e relações entre argumentar e Raciocinar
Argumentar é ser capaz de exprimir em
linguagem racional, compreensível e, portanto, lógica, o raciocínio.
Raciocinar
é, por sua vez, inferir, isto é, extrair nova informação do que já se
conhece.
O procedimento correto da argumentação é
o objeto de estudo da lógica.
A lógica tem esta tarefa, verificar se o
raciocínio na forma da argumentação segue as leis corretas do pensamento
racional.
Esta postagem trata da lógica aristotélica, também conhecida como
Analítica. Não
é uma ciência, mas ela é propedêutica (introdução) às ciências.
Ela estuda os elementos (categorias) que compõem os
discursos, suas regras e funções.
·
Categorias se
estabelecem, são indefiníveis, gêneros supremos, ou seja,
universais.
·
Proposições (juízos
declarativos) sobre a realidade comportam valores semânticos de verdadeiro ou
falso.
·
O
silogismo determina um argumento ou um raciocínio dedutivo, o qual é formado
por três proposições que estão interligadas.
·
O
raciocínio é um processo do pensamento que associa juízos produzindo inferências.
·
O
encadeamento de proposições de modo a produzir conclusões com base nas
informações contidas nas primeiras é o que define o raciocínio.
Há diferentes modos ou
métodos de raciocinar (dedução, indução e analogia), mas há uma forma de
raciocinar que estrutura os elementos básicos do raciocínio: é a forma do
silogismo.
Passos importantes
para a compreensão do raciocínio silogístico:
·
O Silogismo
é um raciocínio básico de argumentação no qual se concluí algo por base em
outros raciocínios e premissas colocadas antes.
·
As Premissas- Proposições
que expressam juízos categóricos e antecedem a conclusão, ou seja, são enunciados
·
A
estrutura das premissas tem por base os elementos básicos:
·
Sujeito
(S) e predicado (P).
·
Termos: são
os elementos básicos que estruturam as premissas: o sujeito (S) e o
predicado (P), o que se fala do sujeito.
Eles são expressões de
simples apreensões, objetos, seres, coisas ou indivíduos sobre os quais se
atribui um predicado (Sujeito) ou se caracteriza como atributo ou predicado de
um sujeito (predicado).
Tipos de Silogismo
Segundo o Silogismo
Aristotélico, há dois tipos de silogismo:
·
Silogismo
Científico: baseado em
argumentos científicos, os quais contêm o valor de verdade nas premissas e nas
conclusões. Silogismos
Científicos são constituídos de juízos que visa demonstrar a verdade verificável
e universal.
As premissas do silogismo científico são
estruturadas de maneira prévia pois são
indemonstráveis, evidentes e causais, estabelecendo os três modos de se fazer
ciência (padronizar o pensamento):
A.
A partir de Axiomas, que são proposições evidentes por si mesmo, tais
como os três princípios lógicos (identidade, não contradição e terceiro
excluído) ou afirmações do tipo “O todo é maior que as partes”.
B.
Os Postulados, que são pressupostos de que se valem toda ciência.
C.
Parte-se de definições, ou seja, o que a coisa a ser estudada é como é,
porque é e sob quais condições ela é (o que, o como, o porquê, o se?).
É através do termo médio (que media) que
se alcança o conceito, pois a definição oferece o conceito por meio das
categorias e da inclusão necessária do indivíduo na espécie e no gênero. O
conceito oferece a essência do objeto.
·
Assim
há necessidade de com provar os argumentos, com base em quatro regras, como
vistas abaixo:
1.
As
premissas devem ser verdadeiras e não apenas possíveis ou prováveis;
2.
As
premissas devem ser indemonstráveis, pois a demonstração é o próprio argumento
e se tentássemos demonstrar as proposições, haveria uma regressão ao infinito;
3.
As
premissas devem ser mais claras ou inteligíveis do que a conclusão extraída
delas;
4.
As
premissas devem ser a causa da conclusão.
A ciência é, portanto, o conhecimento que vai do gênero
mais alto, mais universal, às espécies mais singulares, e a passagem entre
estes se faz por uma cadeia dedutiva (dedução). Definir é encontrar a diferença
específica entre seres do mesmo gênero.
·
Silogismo
Dialético: baseado em juízos hipotéticos ou incertos. Nesse caso, o silogismo é
usado nos estudos da retórica e da persuasão e refere-se as opiniões. Silogismos Dialéticos são juízos
constituídos por juízos hipotéticos e/ou disjuntivos, pois referem-se apenas a
opiniões, aquilo que é verossímil ou provável, não sendo, pois, objeto da
ciência, mas de persuasão. São usados na retórica, porque visam convencer e não
demonstrar uma verdade.
Também no vídeo vimos e
ouvimos sobre o silogismo poético. No qual o conjunto de premissas usam figuras
de linguagem, induções e comparações que depende de uma dedução embutida
(suposta ou oculta), para expressar algo além da compreensão expressa por raciocínio
categorial.
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