sexta-feira, 13 de março de 2020

Os Tipos de Silogismo: O pensamento antes do computador

Entender a lógica, como pensar, se o pensamento sobre alguma coisa segue o caminho correto para pensá-lo.
A lógica não é ciência no sentido de provar coisas na realidade, mas apenas instrumento de análise do alcance do discurso argumentativo, prescrevendo os seus limites para evitar conclusões inadequadas que não são autorizadas pela simples observação das regras do raciocínio. Somos sempre lógicos ou ilógicos quando usamos nossa capacidade de argumentar. O estudo da lógica permite apurar a validade dos argumentos que empregamos para defender uma ideia, pois nem sempre um raciocínio bonito e bem construído segue as regras do pensar corretamente.
O senso comum no uso que faz da palavra lógica mostra uma conexão com o seu significado original derivado do termo grego logos. Logos é conceito fundamental da filosofia grega antiga. Representa o que os filósofos estoicos, por exemplo, entendiam ser a razão universal presente em todas as coisas.
De modo mais geral e objetivo, logos significa palavra ou discurso. Lógica, nesse sentido, é tudo o que diz respeito ao discurso em sua capacidade de dizer algo com razão, razoabilidade e inteligibilidade.
 É o discurso capaz de comunicar algo que pode ser compreendido pela inteligência. Logos é razão, e lógica, por sua vez, é todo discurso capaz de expressar algo que seja compatível com as leis da razão.
A lógica como disciplina da filosofia é, pois, o estudo das leis que regem o pensamento racional. Pode-se definir a lógica como disciplina filosófica, científica ou ainda como arte.
Foram os filósofos os primeiros autores a se dedicarem ao estudo da lógica. Mais tarde, com o surgimento da ciência moderna, nasceu uma lógica científica, como instrumento metodológico da pesquisa científica, ligada principalmente às formas da matemática e da expressão simbólica.

Qual é o Objeto de Estudo da Lógica?

O objeto de estudo da lógica são as leis do raciocínio, expressa na argumentação. 
Mas o que é um raciocínio?

Antes de definir o que é raciocínio, leia com atenção as seguintes afirmações:

a) A rua ficou molhada. 
b) Você esqueceu o filho na escola.
c) Paulo é vegetariano.

Bem, tudo isso para que você perceba que lógica trabalha com a base elementar de todo tipo de raciocínio, a inferência. Inferência é essa operação mental da razão que extrai de uma informação outra necessariamente implicada ou nela pressuposta, como vimos acima a partir das três sentenças (A, B e C) usadas como exemplos. 

Raciocínio é uma forma de pensamento no qual se derivam conclusões a partir de informações antecedentes. Inferir já é raciocinar, pois é extrair uma informação de outra. Entretanto, há formas de raciocínios mais complexos nos quais se associam informações para se concluir outras novas.

Observe o exemplo de raciocínio abaixo, embora seja elementar, é mais complexo do que uma simples inferência, porque associa duas informações para se concluir uma nova.

"Toda mulher é sábia. Maria é mulher. Logo, Maria é sábia."

Inferência e raciocínio são as bases de toda argumentação. Argumentar é expressar o raciocínio através da linguagem. 

O argumento é a forma material do raciocínio, que é, por sua vez, uma operação mental, abstrata, o que não significa que não seja produto da observação da realidade através de nossos sentidos. 

O argumento é expressão do raciocínio e serve para defender e provar ideias e teses sobre um fato, situação ou tema qualquer na forma da linguagem discursiva.
Argumento, inferência e raciocínio são conceitos correlatos, estão entrelaçados.

Diferenças  e relações entre argumentar e Raciocinar

Argumentar é ser capaz de exprimir em linguagem racional, compreensível e, portanto, lógica, o raciocínio.
 Raciocinar é, por sua vez, inferir, isto é, extrair nova informação do que já se conhece.

O procedimento correto da argumentação é o objeto de estudo da lógica. 

A lógica tem esta tarefa, verificar se o raciocínio na forma da argumentação segue as leis corretas do pensamento racional. 

Esta postagem trata da lógica aristotélica, também conhecida como Analítica. Não é uma ciência, mas ela é propedêutica (introdução) às ciências.

Ela estuda os elementos (categorias) que compõem os discursos, suas regras e funções.

·       Categorias se estabelecem, são  indefiníveis,  gêneros supremos, ou seja, universais.
·       Proposições (juízos declarativos) sobre a realidade comportam valores semânticos de verdadeiro ou falso. 
·       O silogismo determina um argumento ou um raciocínio dedutivo, o qual é formado por três proposições que estão interligadas.
·       O raciocínio é um processo do pensamento que associa juízos produzindo inferências.
·       O encadeamento de proposições de modo a produzir conclusões com base nas informações contidas nas primeiras é o que define o raciocínio.

Há diferentes modos ou métodos de raciocinar (dedução, indução e analogia), mas há uma forma de raciocinar que estrutura os elementos básicos do raciocínio: é a forma do silogismo.

Passos importantes para a compreensão do raciocínio silogístico:


·       O   Silogismo é um raciocínio básico de argumentação no qual se concluí algo por base em outros raciocínios e premissas colocadas antes. 
·       As Premissas- Proposições que expressam juízos categóricos e antecedem a conclusão, ou seja, são enunciados
·       A estrutura das premissas tem por base os elementos básicos:

·       Sujeito (S) e predicado (P).

·       Termos: são os elementos básicos que estruturam as premissas: o sujeito (S) e o predicado  (P), o que se fala do sujeito.

Eles são expressões de simples apreensões, objetos, seres, coisas ou indivíduos sobre os quais se atribui um predicado (Sujeito) ou se caracteriza como atributo ou predicado de um sujeito (predicado). 
Tipos de Silogismo

Segundo o Silogismo Aristotélico, há dois tipos de silogismo:

·       Silogismo Científico: baseado em argumentos científicos, os quais contêm o valor de verdade nas premissas e nas conclusões. Silogismos Científicos são constituídos de juízos que visa demonstrar a verdade verificável  e universal.
As premissas do silogismo científico são  estruturadas de maneira prévia pois são indemonstráveis, evidentes e causais, estabelecendo os três modos de se fazer ciência (padronizar o pensamento):
A.    A partir de Axiomas, que são proposições evidentes por si mesmo, tais como os três princípios lógicos (identidade, não contradição e terceiro excluído) ou afirmações do tipo “O todo é maior que as partes”.
B.     Os Postulados, que são pressupostos de que se valem toda ciência.
C.     Parte-se de definições, ou seja, o que a coisa a ser estudada é como é, porque é e sob quais condições ela é (o que, o como, o porquê, o se?).
É através do termo médio (que media) que se alcança o conceito, pois a definição oferece o conceito por meio das categorias e da inclusão necessária do indivíduo na espécie e no gênero. O conceito oferece a essência do objeto.

·       Assim  há necessidade de com provar  os argumentos, com base em quatro regras, como vistas abaixo:
1.    As premissas devem ser verdadeiras e não apenas possíveis ou prováveis;
2.    As premissas devem ser indemonstráveis, pois a demonstração é o próprio argumento e se tentássemos demonstrar as proposições, haveria uma regressão ao infinito;
3.    As premissas devem ser mais claras ou inteligíveis do que a conclusão extraída delas;
4.    As premissas devem ser a causa da conclusão.
A ciência é, portanto, o conhecimento que vai do gênero mais alto, mais universal, às espécies mais singulares, e a passagem entre estes se faz por uma cadeia dedutiva (dedução). Definir é encontrar a diferença específica entre seres do mesmo gênero.

·       Silogismo Dialético: baseado em juízos hipotéticos ou incertos. Nesse caso, o silogismo é usado nos estudos da retórica e da persuasão e refere-se as opiniões. Silogismos Dialéticos são juízos constituídos por juízos hipotéticos e/ou disjuntivos, pois referem-se apenas a opiniões, aquilo que é verossímil ou provável, não sendo, pois, objeto da ciência, mas de persuasão. São usados na retórica, porque visam convencer e não demonstrar uma verdade.

Também no vídeo vimos e ouvimos sobre o silogismo poético. No qual o conjunto de premissas usam figuras de linguagem, induções e comparações que depende de uma dedução embutida (suposta ou oculta), para expressar algo além da compreensão expressa por raciocínio categorial.




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