sexta-feira, 15 de maio de 2020
terça-feira, 12 de maio de 2020
Éthos do brasileiro, indiferente e violento
Nesse sentido e sentimento o modo ser e a identidade do ser brasileiro vem à tona de com fervorosas contradições, pois a construção do ser nacional implica um modo de ser de vários sujeitos, seres com interesses e inclinações psíquicas próprias, únicas, mas que devem compor um coletivo.
A nacionalidade não é natural, ela é construída e reproduzida de maneira orquestrada, mas na maior parte das vezes não planejada.
Em síntese! Estou discutindo nacionalidade e patriotismo, que não é natural, é uma ideia construída e aceita como identidade de um grupo. (Quem gosta de indicação de leitura: Marilena Chauí, Nobert Elias).
Desde a formação dos Estados Nacionais no começo da era moderna europeia a nação estava ligada as leis, línguas, poder, por algum tempo rei, dentro de determinado território. Isso parece natural e eterno, mas não é (Existem outras formas de organização e identidade coletiva humana que ultrapassam as nações). Como os sentimentos de etnia dos judeus, de classe (idealizada pelo marxismo), das religiões e, mais recentemente, das minorias diversificadas e multiplicadas, que atenuam as ideias daquela coletividade nacional e fortalecem as outras ideias de coletividade.
Desde a formação dos Estados Nacionais no começo da era moderna europeia a nação estava ligada as leis, línguas, poder, por algum tempo rei, dentro de determinado território. Isso parece natural e eterno, mas não é (Existem outras formas de organização e identidade coletiva humana que ultrapassam as nações). Como os sentimentos de etnia dos judeus, de classe (idealizada pelo marxismo), das religiões e, mais recentemente, das minorias diversificadas e multiplicadas, que atenuam as ideias daquela coletividade nacional e fortalecem as outras ideias de coletividade.
Em síntese! Nacionalismo é uma forma de identidade no Brasil fraca e nesta época, antiquada! (Quem gosta de indicação de leitura: Baumam e Bordoni, sobre Estado em Crise; Darci Ribeiro, sobre o Povo Brasileiro, Milton Santos, sobre o apagar das fronteiras nacionais, Dubet, sobre abrandamento da consciência de classe em favor de identidades de minorias).
Por isso, era de se esperar que qualquer crise séria, que não fosse o estado permanente de crise econômica, sistematizado desde dos anos oitenta, traria à tona a fragilidade nacional dos países não europeus, em especial os pobres, como o Brasil, que fracamente apagou as contradições com uma sobreposição multicultural, comunhão étnica. Descendentes de migração recente resguardam uma saudade de uma mística e nobre origem europeia, ou japonesa, para travestirem uma roupagem de elite. Descentes africanos, indígenas e pobres de origem cabloca têm sua origem apagada ou caricaturada, vestem o que sobra de uma roupagem nativa.
Isso explica em parte a pouca, ou nenhuma, empatia entre os brasileiros de distintas classes, também explica em parte a falta de sentimento comum, ou de comunidade e a indiferença que solidifica a sociedade como violenta. (Quem gosta de indicação de leitura: Teresa Pires do Rio Caldeira, sobre violência e urbanização).
Em síntese, agora de fato, ligando os pontos. Estamos em crise social real que trouxe a tona que nossa nacionalidade é mal resolvida, nação já está fora de moda com advento da tecnologia e da economia informacional, não temos uma consciência comunitária, logo não temos base para consciência nacional, prova disso é que somos violentos e indiferente a violência (herança da escravidão), as saídas de apelo nacionalista, comunitário nos levam a outras encruzilhadas e a crise não passa.
No Brasil a individualidade tem apelo muito maior, talvez, mais sensível, devemos pactuar pela responsabilidade de cada um e a vergonha que é ser guiado por ideias totais, que aniquilam o indivíduo.
Referências Bibliográficas:
BAUMAN, Zygmunt; BORDONI, Carlo. Estado de crise. Editora Schwarcz-Companhia das Letras, 2016.
CHAUÍ, Marilena. O que é ideologia. Brasiliense, 2017.
DUBET, François. As desigualdades multiplicadas ou as vicissitudes da igualdade. François Dubet, As desigualdades multiplicadas. Trad. Sérgio Miola. Ijuí: Ed. Unijuí, 2003.
DO RIO CALDEIRA, Teresa Pires. Cidade de muros: crime, segregação e cidadania em São Paulo. Editora 34, 2000.
ELIAS, Norbert. A sociedade de corte. Zahar, 2001.
MILTON, SANTOS. Por uma outra globalização: Do pensamento único à consciência universal. São Paulo: Record, 2000.
RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. Global Editora e Distribuidora Ltda, 2015.
terça-feira, 7 de abril de 2020
Individuo e Sociedade
Os termos “indivíduo” e “comunidade” parecem possuir significados opostos. Por um lado, “indivíduo” quer dizer “o que não pode ser dividido”, estando associado, portanto, às noções de “unicidade”, “unidade”, “propriedade”, “particularidade”, ou seja, a tudo aquilo que não é partilhado. Por outro lado, “comunidade” se refere àquilo que é “comum”, àquilo que é de todos (sem ser de ninguém em particular), àquilo que concerne a todos. Logo, a palavra “comunidade” está relacionada à vida em comum, à existência compartilhada, ao passo que “indivíduo” diz respeito à autonomia e à independência.
Porém, esse contraste terminológico não deve fazer esquecer que, no que concerne à existência humana, não é possível falar de indivíduo sem referir-se à comunidade, e vice-versa. Isso significa que o ser humano encontra-se sempre inserido em uma comunidade. É preciso, contudo, ter em mente que essa inserção não é idêntica àquela que identificamos em outros animais, como as abelhas ou as formigas. No caso do ser humano, a vida em comunidade não resulta meramente de uma tendência instintiva (embora tenha relação com as necessidades). Além disso, ela está ligada àquilo que chamamos de cultura, o que permite pensar em uma série de diferenças para com a vida animal. Por exemplo, a presença da linguagem ou, ainda, a existência de um conjunto de princípios que orientam o comportamento (a moral e as leis).
Tendo isso em mente, podemos perceber que a existência em comunidade (e poderíamos também dizer: a vida em sociedade) é de importância fundamental para a constituição de quem nós somos como indivíduos. Por esse motivo, o que entendemos por nossa “individualidade” está em estreita dependência da vida em comunidade. Os animais, nesse sentido, não possuem “individualidade” (a não ser que tomemos este termo em uma acepção biológica e, nesse caso, são indivíduos de uma espécie). Logo, falar de uma existência individual absolutamente autônoma e independente para o homem é uma abstração que não encontra correspondência na realidade.
Tendo isso em mente, podemos perceber que a existência em comunidade (e poderíamos também dizer: a vida em sociedade) é de importância fundamental para a constituição de quem nós somos como indivíduos. Por esse motivo, o que entendemos por nossa “individualidade” está em estreita dependência da vida em comunidade. Os animais, nesse sentido, não possuem “individualidade” (a não ser que tomemos este termo em uma acepção biológica e, nesse caso, são indivíduos de uma espécie). Logo, falar de uma existência individual absolutamente autônoma e independente para o homem é uma abstração que não encontra correspondência na realidade.
Retomemos, por um instante, a questão da linguagem. A faculdade cognitiva que nos capacita para o aprendizado da linguagem é um elemento constitutivo de nossa natureza, mas essa capacidade apenas é desenvolvida quando fazemos parte de uma comunidade lingüística. O uso das palavras e a compreensão de seu significado advêm, portanto, da socialização. Uma criança isolada da comunidade humana não irá falar espontaneamente. Mas o que devemos observar é que sem o desenvolvimento da linguagem uma criança não é capaz de construir sua identidade, não é capaz de se reconhecer como um indivíduo diferente dos demais e do mundo que a cerca.
Essa abordagem do problema, que poderíamos chamar, grosso modo, de psicológica, não é, contudo, aquela que iremos privilegiar. Nossa escolha será a de tratar a questão em uma perspectiva social e política. Essa opção se justifica pelo fato de que um dos aspectos mais importantes da relação entre indivíduo e comunidade é precisamente aquele referente às relações de poder (para uma melhor compreensão da natureza dessas relações.
Um pouco mais acima, falamos de princípios que regem a conduta individual dos membros de uma sociedade. Esses princípios podem ser ou morais ou legais. A esses devemos acrescentar os princípios políticos, os quais, em última instância, têm o mesmo objetivo dos dois outros, vale dizer, assegurar a conservação da associação política e o bem-estar de seus membros.
Um pouco mais acima, falamos de princípios que regem a conduta individual dos membros de uma sociedade. Esses princípios podem ser ou morais ou legais. A esses devemos acrescentar os princípios políticos, os quais, em última instância, têm o mesmo objetivo dos dois outros, vale dizer, assegurar a conservação da associação política e o bem-estar de seus membros.
De maneira muito esquemática, podemos dizer que os princípios morais constituem um conjunto de preceitos para a conduta que exigem a adesão consciente e voluntária do agente. Quanto à legalidade e aos princípios jurídicos, estamos aí no campo das leis. Estas também regulam o comportamento dos indivíduos, mas impõem uma obrigação que poderíamos chamar de “externa”. Sendo assim, seu princípio de validade dispensa a adesão interna. Quando falamos de princípios políticos, porém, estamos nos referindo aos fundamentos da vida em comum. E são esses fundamentos que permitem compreender a natureza do vínculo entre indivíduo e comunidade. Na história da filosofia vamos encontrar diferentes maneiras de definir esse laço. Em que pesem as inevitáveis lacunas, vamos selecionar alguns autores da tradição filosófica que podem, de alguma maneira, ajudar a esclarecer a questão.
O Texto acima pertence ao Módulo Didático: Indivíduo e Comunidade Currículo Básico Comum - Filosofia do Ensino Médio Autor(es): Helton Adverse Centro de Referência Virtual do Professor - SEE-MG / agosto 2010.
Agora vamos nos ater as ações sociais em Weber:
Conceito chave circunscrito as sociedades humanas e só existe quando o indivíduo estabelece uma comunicação com os outros.
Na visão de Weber, a função do sociólogo é compreender o sentido das ações sociais, e fazê-lo é encontrar os nexos causais que as determinam.
O objeto da Sociologia é a realidade infinita e para analisá-la é preciso construir tipos ideais, que não existem de fato, mas que orientam a análise. Os tipos ideais servem como modelos e a partir deles a citada infinidade pode ser resumida em quatro ações fundamentais, a saber:
1. Ação social racional com relação a fins, na qual a ação é estritamente racional. Toma-se um fim e este é, então, racionalmente buscado. Há a escolha dos melhores meios para se realizar um fim.
2. Ação social racional com relação a valores, na qual não é o fim que orienta a ação, mas o valor, seja este ético, religioso, político ou estético.
3. Ação social afetiva, em que a conduta é movida por sentimentos, tais como orgulho, vingança, loucura, paixão, inveja, medo, etc...
4. Ação social tradicional, que tem como fonte motivadora os costumes ou hábitos arraigados.
Agora vamos nos ater as ações sociais em Weber:
Conceito chave circunscrito as sociedades humanas e só existe quando o indivíduo estabelece uma comunicação com os outros.
Na visão de Weber, a função do sociólogo é compreender o sentido das ações sociais, e fazê-lo é encontrar os nexos causais que as determinam.
O objeto da Sociologia é a realidade infinita e para analisá-la é preciso construir tipos ideais, que não existem de fato, mas que orientam a análise. Os tipos ideais servem como modelos e a partir deles a citada infinidade pode ser resumida em quatro ações fundamentais, a saber:
1. Ação social racional com relação a fins, na qual a ação é estritamente racional. Toma-se um fim e este é, então, racionalmente buscado. Há a escolha dos melhores meios para se realizar um fim.
2. Ação social racional com relação a valores, na qual não é o fim que orienta a ação, mas o valor, seja este ético, religioso, político ou estético.
3. Ação social afetiva, em que a conduta é movida por sentimentos, tais como orgulho, vingança, loucura, paixão, inveja, medo, etc...
4. Ação social tradicional, que tem como fonte motivadora os costumes ou hábitos arraigados.
terça-feira, 17 de março de 2020
MEI? Estágio? Carteira Verde Amarela?
Mudanças em leis devem ser amplamente debatidas e contemplar os equilíbrios das partes e das relações, pois mudanças em leis são contra sensos, leis deveriam ser regras sólidas.
Essas reflexões são
importantes, os advogados podem contribuir melhor para o debate.
Assim nossas considerações
sobre a polêmica em torno da polarização entre a lei do estágio e a carteira
verde amarela será um resgate histórico.
Antiguidade: Os grandes embates
entre os legisladores gregos na Antenas antiga tratavam de polêmicas sobre
relações de trabalho, logo de início, sendo o ponto polêmico a escravidão por
dívidas. As Leis de Drácon, século 620 a.C. que deu origem ao termo draconiano,
que descreve quando uma lei é muito dura e penaliza mais os mais pobres, uma
vez que quase tudo era punido entre os plebeus e escravos com pena de morte e
punia as dívidas, com a escravidão. As relações entre trabalhadores e os
detentores de "capital" (anacronismo, desculpe) resultaram de leis
que destituía do trabalhador ao menos a liberdade. Pois bem, tais leis não
regularam com êxito as relações, tampouco regularizaram o conflito, e aqui o
que nos interessa, a escravidão por dívida foi revista, em uma "reforma deLeis" de Sólon, que abrandou as Leis de Drácon, proibiu a escravidão por
dívida e impôs limites à concentração de terras, pressionado por radicais,
ameaçados por aristocratas, Sólon preferiu sair de Atenas. De qualquer maneira
o debate político sobre leis e o trabalho tornou-se uma marca de nascença
da democracia.
Brasil Varguista: No Brasil
Getúlio Vargas, em primeiro de maio de 1943 por decreto lei (5.452), tenta
pôr fim a conflitos que existiam nas cidades e indústria desde 1910 e no Brasil
rural, emudecidos pela tradição escravista, mas existente a bastante tempo.
Esse primeiro conjunto de leis sobre o trabalho, teve inspiração fascista e foi
usado pelo governo autoritário de Vargas o Estado Novo, para controlar as
massas, ao mesmo tempo que atendeu reivindicações de regulamentação das
relações pelos trabalhadores.
Esses dois tempos históricos
servem para ilustrar, que há tensão em cada lei nova ou consolidada sobre as
relações trabalhistas.
O Debate sobre a Lei do
Estágio versus Carteira Verde Amarela revela muito mais a
tensão do que contradições sobre as leis.
A Lei do Estágio (11788 de2008), regulamenta as relações entre empresas, escolas (sobretudo faculdades) e
estudantes para atender a uma demanda de formação de mão de obra qualificada,
parcerias entre universidades - pesquisas e empresas - inovação.
A lei do Aprendiz A Lei do Aprendiz,
também conhecida como Menor Aprendiz, Aprendiz Legal ou Jovem Aprendiz, é uma
lei do Brasil aprovada em 2000 e regulamentada em 2005. Ela determina que toda
empresa de grande ou médio porte deve ter de 5% a 15% de aprendizes entre seus
funcionários. regulamenta uma relação entre as empresas e os jovens, para
atender duas demandas, a inserção dos jovens trabalhadores menores de idade no
mercado de trabalho, com a obrigatoriedade da inclusão e permanência na escola,
mas a escola não faz o intermédio da relação.
A Lei doMicro Empreendedor Individual, Lei Complementar de 2008, atende outra demanda,
a da regularização fiscal, tributária e previdenciária de trabalhadores
informais, ao mesmo tempo que era uma estratégia de inclusão previdenciária,
também significava uma desoneração dos contratadores esporádicos e outras
formas diversas de relação trabalhista, muito mais individual, de profissões
liberais, como as ligadas a tecnologia da informação.
A Reforma Trabalhista no Brasil de 2017 foi uma mudança significativa na
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) instrumentalizada pela lei № 13.467 de
2017. O objetivo da reforma foi combater o desemprego, desonerar
setores produtivos e permitir que o "contratado"
"prevaleça" sobre o "legislado," regulamentado os
acordos entre patrões e empregados.
Agora a
Medida Provisória que instituiu a "Carteira Verde eAmarela," cria uma modalidade temporária de contrato de
trabalho, assim como alterar a legislação trabalhista, para incentivar a
contratação de jovens entre 18 e 29 anos excluídos do mercado de trabalho, que
nunca tiveram um vínculo empregatício, por meio de desoneração previdenciária,
incentivos ficais, mas são contratos, como o de estágio, que não deve
ultrapassar dois anos, mas diferentemente da lei do estágio, a jornada é de 40
horas, com possibilidade de horas extras, com teto, limite máximo de salário em
1497 reais.
Assim, a Carteira Verde e Amarela trata da relação entre uma
população excluída, que terá uma inserção incentiva, no mercado de trabalho,
mas ela não trata sobre aqueles que buscam qualificação para o trabalho e
inserção como mão de obra qualificada.
Qualquer outra consideração pode ser precipitada...
Prof. Dr. Rafael dos Santos Borges.
sexta-feira, 13 de março de 2020
Os Tipos de Silogismo: O pensamento antes do computador
Entender a lógica, como pensar, se o
pensamento sobre alguma coisa segue o caminho correto para pensá-lo.
A lógica não é ciência no sentido de
provar coisas na realidade, mas apenas instrumento de análise do alcance do
discurso argumentativo, prescrevendo os seus limites para evitar conclusões
inadequadas que não são autorizadas pela simples observação das regras do
raciocínio. Somos sempre lógicos ou ilógicos quando usamos nossa capacidade de
argumentar. O estudo da lógica permite apurar a validade dos argumentos que
empregamos para defender uma ideia, pois nem sempre um raciocínio bonito e bem
construído segue as regras do pensar corretamente.
O senso comum no uso que faz da palavra
lógica mostra uma conexão com o seu significado original derivado do termo
grego logos. Logos é conceito fundamental da filosofia grega antiga. Representa
o que os filósofos estoicos, por exemplo, entendiam ser a razão universal
presente em todas as coisas.
De modo mais geral e objetivo, logos
significa palavra ou discurso. Lógica, nesse sentido, é tudo o que diz respeito
ao discurso em sua capacidade de dizer algo com razão, razoabilidade e
inteligibilidade.
É o discurso capaz de comunicar
algo que pode ser compreendido pela inteligência. Logos é razão, e lógica, por
sua vez, é todo discurso capaz de expressar algo que seja compatível com as
leis da razão.
A lógica como disciplina da filosofia é,
pois, o estudo das leis que regem o pensamento racional. Pode-se definir a
lógica como disciplina filosófica, científica ou ainda como arte.
Foram os filósofos os primeiros autores
a se dedicarem ao estudo da lógica. Mais tarde, com o surgimento da ciência
moderna, nasceu uma lógica científica, como instrumento metodológico da
pesquisa científica, ligada principalmente às formas da matemática e da
expressão simbólica.
Qual é o Objeto de Estudo da Lógica?
O objeto de estudo da lógica são as leis
do raciocínio, expressa na argumentação.
Mas o que é um raciocínio?
Antes de definir o que é raciocínio,
leia com atenção as seguintes afirmações:
a) A rua ficou molhada.
b) Você esqueceu o filho na escola.
c) Paulo é vegetariano.
Bem, tudo isso para que você perceba que
lógica trabalha com a base elementar de todo tipo de raciocínio, a inferência.
Inferência é essa operação mental da razão que extrai de uma informação outra
necessariamente implicada ou nela pressuposta, como vimos acima a partir das
três sentenças (A, B e C) usadas como exemplos.
Raciocínio é uma forma de pensamento no
qual se derivam conclusões a partir de informações antecedentes. Inferir já é
raciocinar, pois é extrair uma informação de outra. Entretanto, há formas de raciocínios
mais complexos nos quais se associam informações para se concluir outras novas.
Observe o exemplo de raciocínio abaixo,
embora seja elementar, é mais complexo do que uma simples inferência, porque
associa duas informações para se concluir uma nova.
"Toda mulher é sábia. Maria é
mulher. Logo, Maria é sábia."
Inferência e raciocínio são as bases de
toda argumentação. Argumentar é expressar o raciocínio através da
linguagem.
O argumento é a forma material do
raciocínio, que é, por sua vez, uma operação mental, abstrata, o que não
significa que não seja produto da observação da realidade através de nossos
sentidos.
O argumento é expressão do raciocínio e
serve para defender e provar ideias e teses sobre um fato, situação ou tema
qualquer na forma da linguagem discursiva.
Argumento, inferência e raciocínio são
conceitos correlatos, estão entrelaçados.
Diferenças e relações entre argumentar e Raciocinar
Argumentar é ser capaz de exprimir em
linguagem racional, compreensível e, portanto, lógica, o raciocínio.
Raciocinar
é, por sua vez, inferir, isto é, extrair nova informação do que já se
conhece.
O procedimento correto da argumentação é
o objeto de estudo da lógica.
A lógica tem esta tarefa, verificar se o
raciocínio na forma da argumentação segue as leis corretas do pensamento
racional.
Esta postagem trata da lógica aristotélica, também conhecida como
Analítica. Não
é uma ciência, mas ela é propedêutica (introdução) às ciências.
Ela estuda os elementos (categorias) que compõem os
discursos, suas regras e funções.
·
Categorias se
estabelecem, são indefiníveis, gêneros supremos, ou seja,
universais.
·
Proposições (juízos
declarativos) sobre a realidade comportam valores semânticos de verdadeiro ou
falso.
·
O
silogismo determina um argumento ou um raciocínio dedutivo, o qual é formado
por três proposições que estão interligadas.
·
O
raciocínio é um processo do pensamento que associa juízos produzindo inferências.
·
O
encadeamento de proposições de modo a produzir conclusões com base nas
informações contidas nas primeiras é o que define o raciocínio.
Há diferentes modos ou
métodos de raciocinar (dedução, indução e analogia), mas há uma forma de
raciocinar que estrutura os elementos básicos do raciocínio: é a forma do
silogismo.
Passos importantes
para a compreensão do raciocínio silogístico:
·
O Silogismo
é um raciocínio básico de argumentação no qual se concluí algo por base em
outros raciocínios e premissas colocadas antes.
·
As Premissas- Proposições
que expressam juízos categóricos e antecedem a conclusão, ou seja, são enunciados
·
A
estrutura das premissas tem por base os elementos básicos:
·
Sujeito
(S) e predicado (P).
·
Termos: são
os elementos básicos que estruturam as premissas: o sujeito (S) e o
predicado (P), o que se fala do sujeito.
Eles são expressões de
simples apreensões, objetos, seres, coisas ou indivíduos sobre os quais se
atribui um predicado (Sujeito) ou se caracteriza como atributo ou predicado de
um sujeito (predicado).
Tipos de Silogismo
Segundo o Silogismo
Aristotélico, há dois tipos de silogismo:
·
Silogismo
Científico: baseado em
argumentos científicos, os quais contêm o valor de verdade nas premissas e nas
conclusões. Silogismos
Científicos são constituídos de juízos que visa demonstrar a verdade verificável
e universal.
As premissas do silogismo científico são
estruturadas de maneira prévia pois são
indemonstráveis, evidentes e causais, estabelecendo os três modos de se fazer
ciência (padronizar o pensamento):
A.
A partir de Axiomas, que são proposições evidentes por si mesmo, tais
como os três princípios lógicos (identidade, não contradição e terceiro
excluído) ou afirmações do tipo “O todo é maior que as partes”.
B.
Os Postulados, que são pressupostos de que se valem toda ciência.
C.
Parte-se de definições, ou seja, o que a coisa a ser estudada é como é,
porque é e sob quais condições ela é (o que, o como, o porquê, o se?).
É através do termo médio (que media) que
se alcança o conceito, pois a definição oferece o conceito por meio das
categorias e da inclusão necessária do indivíduo na espécie e no gênero. O
conceito oferece a essência do objeto.
·
Assim
há necessidade de com provar os argumentos, com base em quatro regras, como
vistas abaixo:
1.
As
premissas devem ser verdadeiras e não apenas possíveis ou prováveis;
2.
As
premissas devem ser indemonstráveis, pois a demonstração é o próprio argumento
e se tentássemos demonstrar as proposições, haveria uma regressão ao infinito;
3.
As
premissas devem ser mais claras ou inteligíveis do que a conclusão extraída
delas;
4.
As
premissas devem ser a causa da conclusão.
A ciência é, portanto, o conhecimento que vai do gênero
mais alto, mais universal, às espécies mais singulares, e a passagem entre
estes se faz por uma cadeia dedutiva (dedução). Definir é encontrar a diferença
específica entre seres do mesmo gênero.
·
Silogismo
Dialético: baseado em juízos hipotéticos ou incertos. Nesse caso, o silogismo é
usado nos estudos da retórica e da persuasão e refere-se as opiniões. Silogismos Dialéticos são juízos
constituídos por juízos hipotéticos e/ou disjuntivos, pois referem-se apenas a
opiniões, aquilo que é verossímil ou provável, não sendo, pois, objeto da
ciência, mas de persuasão. São usados na retórica, porque visam convencer e não
demonstrar uma verdade.
Também no vídeo vimos e
ouvimos sobre o silogismo poético. No qual o conjunto de premissas usam figuras
de linguagem, induções e comparações que depende de uma dedução embutida
(suposta ou oculta), para expressar algo além da compreensão expressa por raciocínio
categorial.
terça-feira, 3 de março de 2020
Organizar e Escolher
Existe a alienação, que é imposta, é
sorrateira e permeia a realidade. Na alienação os sujeitos tornam-se desprovido
de planejamento e por isso do próprio tempo. Logo, conhecer a si mesmo, os seus
limites (a pobreza de recursos, por exemplo), as suas vantagens (a
herança de recursos e cultura, por exemplo) o entorno em que vive, a história
do seu lugar e ter empatia e compadecimento para com os outros são instrumentos
afetivos e cognitivos importantes para romper com parte da alienação.
Faça um mapa mental, ou um fluxograma com
chaves capaz de fazer você se "enquadre" na sua realidade e aja sobre
ela.
Pode se partir das duas escolhas iniciais
da Matrix, romper ou não com os esquemas que alienam ou, lutar por enquadramentos
empoderados sobre sua realidade. As escolas são ambientes propiciosos para que
os sujeitos possam desenvolver esses arcabouços cognitivos e afetivos. Aos que
estão sujeitos a menos escolhas, parecer ser mais seguro fazer as escolhas
iniciais, gozar os privilégios e sofrer as desvantagens de suas escolhas
primordiais.
O que não pode numa sociedade liberal é
abrir mão da escolha, deixar que escolher sobre a própria vida é alienação que
aniquila a individualidade.
Ainda que as escolhas sejam limitadas ao
lugar, para usar uma figura de linguagem poética e popular, "só pegamos o
que nossos braços alcançam e só andamos por onde nossos pés podem chegar",
não há sentença de eterna limitação, mas não pode ser a ilusão de que
"basta acreditar e querer, que vai ter", deve-se ter consciência de suas limitações, contorná-las ou superá-las. Exemplos:
- Um diagnóstico sobre sua situação de
endividamento deve ser um instrumento de recusa a novas dívidas e
não uma desculpa para endividamento maior;
- A nota baixa deve ser encarada como um
sinal de que deve estudar mais e não uma desculpa para desistência do curso.
Contudo, reflexões sobre o porquê das
dívidas, da nota baixa são enfrentamentos da frustração capazes de levar a
tomada de consciência contra a alienação imposta por outros aos sujeitos, que
por vezes não refletem.
Ter menos escolhas pode ser por base em
probabilidade mais seguro, entender tais escolhas e as suas limitações, pode
ser por base indutiva a chave para mais opções de escolhas, mais
responsabilidade, mas não necessariamente mais satisfação segura.
De qualquer maneira os atos antever,
rever, prescrever para planejar são ações organizacionais importantes para quem
quer administrar a si e empoderar-se nas organizações.
Prof. Dr.º. Rafael dos Santos Borges.
segunda-feira, 2 de março de 2020
Os Dados: Um Capitalismo de Nova Fase e Velha Face
Temas importantes expostos no vídeo:
- Há
um mercado de dados legal (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13709.htm),
regulamentado e lucrativo. Ainda parece obscuro ao cidadão comum,
reconvertido em usuário. (Atenção! Nessa conversão para usuário o cidadão, que é
portador de CPF, responsabilidade e poder de compra, passa a ser ao mesmo
tempo consumidor e produto).
- Os dados em si não geram riqueza, como no capitalismo industrial, onde a matéria prima passava por transformação para agregar valor e criação de mercadorias, que se reconvertiam em dinheiro - capital. Os trabalhadores, os sujeitos, apenas agregavam riqueza e consumiam.
- Dados não geram
riquezas!
- A profusão de dados nãos os torna menos valioso, por enquanto, os dados mais volumosos são os que valem mais.
- Dados muito pontuais sobre os sujeitos
ferem a individualidade, a moral e a justiça liberal que preza por
privacidade.
- Os
trabalhadores com conhecimentos poderosos sobre como operar as grandes
bases de dados são os que de fato transformam dados em riqueza, através de negócios, como
marketing direcionado, manipulação da comunicação de massas, antecipações
de informações por padrões de silogismos científicos e inferências de dedução
e até indução.
- Os
trabalhadores capazes de realizar tais operações intelectuais são os
únicos responsáveis por transformar dados em riqueza.
- Ainda
estamos em uma época de encantamento sobre mineração de dados, comércio de
dados. Por isso, não há pudor e não sabemos da consequência completa dessas
operações, os aspectos legais são recentes no Brasil e no Mundo.
- Sobre
o Brasil e o Mundo, os dados transpões e enfraquecem barreiras legais
nacionais e a própria ideia de Estado-Nação.
- Havia
na fase da popularização da internet em ambientes WEB uma perspectiva de
liberdade de navegar e se informar. Agora, na fase da popularização da
internet por mobilidade, por aplicativos e por redes sociais há uma
perceptiva de navegação confinada, que é marcada pelo interesse em entender
o padrão de navegação, conduzir o usuário-navegante e gerar dados ( Já escrevi sobre).
- Há
dúvidas sobre este momento em que a interação das tecnologias é capaz de
estabelecer padrões algorítmicos sobre os sujeitos e gerar uma
inteligência artificial capaz de estabelecer relações dialógicas entre
homens-máquinas-homens. Isso é novo, qual será o nosso limite moral?
Prof. Dr. Rafael dos
Santos Borges.
sábado, 22 de fevereiro de 2020
Não nos conhecemos, mas nos contemplamos.
Eu já não sei dizer o que penso.
Se penso o que eu digo.
Tampouco, digo o que eu penso.
Nesses silêncios espero que ela entenda
tudo.
Das coisas que eu busco entender,
mas não entendo e eu apenas sinto.
Não sei se vou, se fico, se rompo ou continuo.
Estou aqui em compasso de espera.
Aflito espero um pouco mais.
Quer ir embora? Quero que você vá?
Desde que fique aqui.
Ao retornar ao trabalho docente por vezes nós professores nos deparamos com frases assim como da epígrafe, (poeminha que fiz por compaixão dessa aflição dos meus alunos). Eles estão na escola, na faculdade, num tempo de espera, por outra formação, por colocação profissional, por mudança e esperança de vida. Dentre outras coisas tentam romper com antigos afetos, velhos amores, nessa ânsia por viver o desconhecido. Isso é uma parte do desenvolvimento, rupturas, continuidades, permanências.
Vivemos hoje uma época que exalta a rapidez, o fluído, efêmero e urgente, em um paradoxo sufocamos a juventude com tais expectativas, mas dizemos que o seu tempo é o agora. Cada um tem o seu tempo.
O livro, "Era do Cansaço," de Byung-chul Han, salienta que há um excesso de cobrança por positividade, produtividade e felicidade, deixando as pessoas mais deprimidas, improdutivas sobre o que realmente importa e infelizes, talvez, por uma desvalorização do tempo do ócio, que ele descreve como tempo de contemplação, silêncio e eu acrescento melancolia.
Justamente o tempo de ócio, do ócio produtivo é o tempo da juventude e o espaço é a escola. Na juventude e na escola temos a liberdade de experimentar e recusar, imaginar, contemplar e negar. Isso precisa ser ensinado na escola. Que há escolhas sobre o que fazer e o que deixar de fazer, além daquilo que é necessário fazer diante das próprias escolhas, por isso é preciso a contemplação e a imaginação.
Por exemplo, a escolha profissional, será que o jovem, o estudante, acredita que executando tais tarefas terá êxito? Irá fazer bem, bem feito, terá reconhecimento social- financeiro, sobre aquilo que vai realizar?
Essas questões são importantes, elas vão além de divagações existências sobre o "quem sou eu?". Elas devem cumprir um vislumbre e contemplação sobre que vida eu desejo ter? Qual o meu papel social diante dos meus pares e do futuro da minha comunidade?
Na curta duração, devemos contemplar nosso dia, nele qual é a hora que mais esperamos? O nosso tempo?
Na média duração, por exemplo, ao adentrarmos um curso, uma faculdade, percorremos esse caminho pois queremos chegar em qual lugar ou posição social? Estudamos para quê? Juntamos dinheiro para quê?
Na longa duração, que tipo de velho, de pai, de avô, de marido eu quero ser? O que vou deixar para os meus amados como segurança, esperança e exemplo? Terei a sorte de planejar minha morte?
Temos que nos contemplar diante do tempo.
Como professores devemos nos atentar para isso. Qual vida nossos alunos estão construindo e em que momento de vida eles se encontram?
A escola como um espaço de ensaio e de ócio deve se ocupar dos planos e desenvolvimentos de cada um. Chega dessa ideia de escola massificadora e formadora para empresas, indústrias e nações que já estão obsoletas.
Ao mesmo tempo que chega de deixarmos nossos alunos, nós mesmos, os jovens, perdidos num imediatismo, de decisões tomadas ao sabor de acontecimentos alheios aos nossos planos e desejos. Devemos ensinar nossos alunos a pensar, planejar executar, desistir, recomeçar para serem donos do próprio tempo e da própria vida.
Vivemos hoje uma época que exalta a rapidez, o fluído, efêmero e urgente, em um paradoxo sufocamos a juventude com tais expectativas, mas dizemos que o seu tempo é o agora. Cada um tem o seu tempo.
O livro, "Era do Cansaço," de Byung-chul Han, salienta que há um excesso de cobrança por positividade, produtividade e felicidade, deixando as pessoas mais deprimidas, improdutivas sobre o que realmente importa e infelizes, talvez, por uma desvalorização do tempo do ócio, que ele descreve como tempo de contemplação, silêncio e eu acrescento melancolia.
Justamente o tempo de ócio, do ócio produtivo é o tempo da juventude e o espaço é a escola. Na juventude e na escola temos a liberdade de experimentar e recusar, imaginar, contemplar e negar. Isso precisa ser ensinado na escola. Que há escolhas sobre o que fazer e o que deixar de fazer, além daquilo que é necessário fazer diante das próprias escolhas, por isso é preciso a contemplação e a imaginação.
Por exemplo, a escolha profissional, será que o jovem, o estudante, acredita que executando tais tarefas terá êxito? Irá fazer bem, bem feito, terá reconhecimento social- financeiro, sobre aquilo que vai realizar?
Essas questões são importantes, elas vão além de divagações existências sobre o "quem sou eu?". Elas devem cumprir um vislumbre e contemplação sobre que vida eu desejo ter? Qual o meu papel social diante dos meus pares e do futuro da minha comunidade?
Na curta duração, devemos contemplar nosso dia, nele qual é a hora que mais esperamos? O nosso tempo?
Na média duração, por exemplo, ao adentrarmos um curso, uma faculdade, percorremos esse caminho pois queremos chegar em qual lugar ou posição social? Estudamos para quê? Juntamos dinheiro para quê?
Na longa duração, que tipo de velho, de pai, de avô, de marido eu quero ser? O que vou deixar para os meus amados como segurança, esperança e exemplo? Terei a sorte de planejar minha morte?
Temos que nos contemplar diante do tempo.
Como professores devemos nos atentar para isso. Qual vida nossos alunos estão construindo e em que momento de vida eles se encontram?
A escola como um espaço de ensaio e de ócio deve se ocupar dos planos e desenvolvimentos de cada um. Chega dessa ideia de escola massificadora e formadora para empresas, indústrias e nações que já estão obsoletas.
Ao mesmo tempo que chega de deixarmos nossos alunos, nós mesmos, os jovens, perdidos num imediatismo, de decisões tomadas ao sabor de acontecimentos alheios aos nossos planos e desejos. Devemos ensinar nossos alunos a pensar, planejar executar, desistir, recomeçar para serem donos do próprio tempo e da própria vida.
quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020
BOM SENSO
BOM SENSO
“Tente colocar bom senso na cabeça de um tolo e ele dirá que é tolice” (Eurípedes)
Bom senso é um conceito usado na argumentação que está estritamente ligado às noções de sabedoria e de razoabilidade, e que define a capacidade média que uma pessoa possui, ou deveria possuir, de adequar regras e costumes a determinadas realidades considerando as consequências, e, assim, poder fazer bons julgamentos e escolhas. Podendo, assim, ser definido como a forma de "filosofar" espontânea do homem comum, também chamada de "filosofia de vida", que supõe certa capacidade de organização, auto-controle e independência de quem analisa a experiência de vida cotidiana.
O bom senso é por vezes confundido com a ideia de senso comum, sendo, no entanto, muitas vezes o seu oposto. Ao passo que o senso comum pode refletir muitas vezes uma opinião por vezes errônea e preconceituosa sobre determinado objeto. O bom senso está ligado à ideia de sensatez, sendo uma capacidade intuitiva de distinguir a melhor conduta em situações específicas que, muitas vezes, são difíceis de serem analisadas mais longamente. Para Aristóteles, o bom senso é "elemento central da conduta ética. Uma capacidade virtuosa de achar o meio termo e distinguir a ação correta, o que é em termos mais simples, nada mais que bom senso."
O bom senso vai muito além da capacidade de distinguir o certo do errado. O bom senso está diretamente ligado à capacidade intuitiva do ser humano de fazer a coisa certa. Ele é um elemento que está ligado à moral, de maneira que o bom senso praticado por um cristão, poderá ser interpretado de uma forma diferente por um islã ou judeu. Também reflete a cultura e o meio a qual o ser humano vive. O bom senso não envolve tanto uma reflexão aprofundada sobre um determinado tema, lugar ou situação (isso já entraria no campo da reflexão), mas sim a capacidade de agir e interagir, obedecendo certos parâmetros da normalidade, face uma situação qualquer, guiando-se por um senso comum e quase que completamente intuitivo.
segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020
Criticar é para quem pode!?
A primeira característica da atitude filosófica é negativa, isto é, um dizer não ao senso comum, aos pré-conceitos, aos pré-juízos, aos fatos e às idéias da experiência cotidiana, ao que “todo mundo diz e pensa”, ao estabelecido.
A segunda característica da atitude filosófica é positiva, isto é, uma interrogação sobre o que são as coisas, as idéias, os fatos, as situações, os comportamentos, os valores, nós mesmos. É também uma interrogação sobre o porquê disso tudo e de nós, e uma interrogação sobre como tudo isso é assim e não de outra maneira. O que é? Por que é? Como é? Essas são as indagações fundamentais da atitude filosófica.
A face negativa e a face positiva da atitude filosófica constituem o que chamamos de atitude crítica e pensamento crítico. A Filosofia começa dizendo não às crenças e aos preconceitos do senso comum e, portanto, começa dizendo que não sabemos o que imaginávamos saber; por isso, o patrono da Filosofia, o grego Sócrates, afirmava que a primeira e fundamental verdade filosófica é dizer: “Sei que nada sei”. Para o discípulo de Sócrates, o filósofo grego Platão, a Filosofia começa com a admiração; já o discípulo de Platão, o filósofo Aristóteles, acreditava que a Filosofia começa com o espanto.
Admiração e espanto significam: tomamos distância do nosso mundo costumeiro, através de nosso pensamento, olhando-o como se nunca o tivéssemos visto antes, como se não tivéssemos tido família, amigos, professores, livros e outros meios de comunicação que nos tivessem dito o que o mundo é; como se estivéssemos acabando de nascer para o mundo e para nós mesmos e precisássemos perguntar o que é, por que é e como é o mundo, e precisássemos perguntar também o que somos, por que somos e como somos.
Para que Filosofia?
Ora, muitos fazem uma outra pergunta: afinal, para que Filosofia? É uma pergunta interessante. Não vemos nem ouvimos ninguém perguntar, por exemplo, para que matemática ou física? Para que geografia ou geologia? Para que história ou sociologia? Para que biologia ou psicologia? Para que astronomia ou química? Para que pintura, literatura, música ou dança? Mas todo mundo acha muito natural perguntar: Para que Filosofia?
Em geral, essa pergunta costuma receber uma resposta irônica, conhecida dos estudantes de Filosofia: “A Filosofia é uma ciência com a qual e sem a qual o mundo permanece tal e qual”. Ou seja, a Filosofia não serve para nada. Por isso, se costuma chamar de “filósofo” alguém sempre distraído, com a cabeça no mundo da lua, pensando e dizendo coisas que ninguém entende e que são perfeitamente inúteis. Essa pergunta, “Para que Filosofia?”, tem a sua razão de ser.
Em nossa cultura e em nossa sociedade, costumamos considerar que alguma coisa só tem o direito de existir se tiver alguma finalidade prática, muito visível e de utilidade imediata. Por isso, ninguém pergunta para que as ciências, pois todo mundo imagina ver a utilidade das ciências nos produtos da técnica, isto é, na aplicação científica à realidade.
Todo mundo também imagina ver a utilidade das artes, tanto por causa da compra e venda das obras de arte, quanto porque nossa cultura vê os artistas como gênios que merecem ser valorizados para o elogio da humanidade.
Ninguém, todavia, consegue ver para que serviria a Filosofia, donde dizer-se: não serve para coisa alguma. Parece, porém, que o senso comum não enxerga algo que os cientistas sabem muito bem. As ciências pretendem ser conhecimentos verdadeiros, obtidos graças a procedimentos rigorosos de pensamento; pretendem agir sobre a realidade, através de instrumentos e objetos técnicos; pretendem fazer progressos nos conhecimentos, corrigindo-os e aumentando-os.
Ora, todas essas pretensões das ciências pressupõem que elas acreditam na existência da verdade, de procedimentos corretos para bem usar o pensamento, na tecnologia como aplicação prática de teorias, na racionalidade dos conhecimentos, porque podem ser corrigidos e aperfeiçoados.
Verdade, pensamento, procedimentos especiais para conhecer fatos, relação entre teoria e prática, correção e acúmulo de saberes: tudo isso não é ciência, são questões filosóficas. O cientista parte delas como questões já respondidas, mas é a Filosofia quem as formula e busca respostas para elas.
Assim, o trabalho das ciências pressupõe, como condição, o trabalho da Filosofia, mesmo que o cientista não seja filósofo.
Atitude filosófica: indagar
Se, portanto, deixarmos de lado, por enquanto, os objetos com os quais a Filosofia se ocupa, veremos que a atitude filosófica possui algumas características que são as mesmas, independentemente do conteúdo investigado.
Essas características são:
- perguntar o que a coisa, ou o valor, ou a idéia, é. A Filosofia pergunta qual é a realidade ou natureza e qual é a significação de alguma coisa, não importa qual;
- perguntar como a coisa, a idéia ou o valor, é. A Filosofia indaga qual é a estrutura e quais são as relações que constituem uma coisa, uma idéia ou um valor;
- perguntar por que a coisa, a idéia ou o valor, existe e é como é. A Filosofia pergunta pela origem ou pela causa de uma coisa, de uma idéia, de um valor.
A atitude filosófica inicia-se dirigindo essas indagações ao mundo que nos rodeia e às relações que mantemos com ele. Pouco a pouco, porém, descobre que essas questões se referem, afinal, à nossa capacidade de conhecer, à nossa capacidade de pensar.
A reflexão filosófica
A reflexão filosófica organiza-se em torno de três grandes conjuntos de perguntas ou questões:
1. Por que pensamos o que pensamos, dizemos o que dizemos e fazemos o que fazemos? Isto é, quais os motivos, as razões e as causas para pensarmos o que pensamos, dizermos o que dizemos, fazermos o que fazemos?
2. O que queremos pensar quando pensamos, o que queremos dizer quando falamos, o que queremos fazer quando agimos? Isto é, qual é o conteúdo ou o sentido do que pensamos, dizemos ou fazemos?
3. Para que pensamos o que pensamos, dizemos o que dizemos, fazemos o que fazemos? Isto é, qual é a intenção ou a finalidade do que pensamos, dizemos e fazemos?
Essas três questões podem ser resumidas em: O que é pensar, falar e agir? E elas pressupõem a seguinte pergunta: Nossas crenças cotidianas são ou não um saber verdadeiro, um conhecimento?
Como vimos, a atitude filosófica inicia-se indagando: O que é? Como é? Por que é?, dirigindo-se ao mundo que nos rodeia e aos seres humanos que nele vivem e com ele se relacionam. São perguntas sobre a essência, a significação ou a estrutura e a origem de todas as coisas.
segunda-feira, 13 de janeiro de 2020
Lógica
Muitas pessoas são introduzidas à lógica e se depararam com as seguintes perguntas: O que é lógica? Para que serve a lógica? Qual seu objeto de estudo?
Tais perguntas devem fazer completo sentido, e revelam-se relevantes a todo aquele que se interessa não apenas por aprender uma determinada técnica, mas também por conhecer os seus fundamentos e o seu objetivo.
Você pode abrir um livro de lógica e deparar-se com a seguinte passagem:
Você pode abrir um livro de lógica e deparar-se com a seguinte passagem:
1 (1) p→q A
2 (2) ¬q A
1,2 (3) ¬p 1,2MP
Caso ainda não conheça lógica, a passagem pode fazer tanto sentido quanto a sentença:
“a melão senhora bombeiros de”.
Para que a passagem faça sentido, você precisa dominar a sintaxe da lógica formal e seus métodos de prova – e isto exige um estudo técnico, em que você introjeta certas regras e memoriza certas convenções.
No entanto, a lógica não é apenas um conjunto de regras e postulações.
A despeito da maneira como se expressa relações lógicas, a lógica ocupa-se de argumentos.
É perfeitamente possível que haja outros sistemas de formalização lógica, com outras postulações, outra sintaxe e sinais até mesmo por nós desconhecidos – porém, se este sistema é um sistema lógico, então ele se ocupa de argumentos, e mostra não apenas como avaliar argumentos, mas também como construir bons argumentos.
A lógica ocupa-se de argumentos, e pode-se inclusive afirmar que o objeto de estudo da lógica é uma certa classe de argumentos. Porém, de início não fica claro por que a lógica ocupa-se de argumentos. Eu posso estudar argumentos com a finalidade de desenvolver técnicas para torná-los mais persuasivos, por exemplo. Este pode ser o caso se tenho o plano de atingir algum objetivo que envolve convencer as pessoas de que algo é verdadeiro, ou de que algo é bom e valioso, mesmo não sendo.
Mas esta não é a finalidade da lógica na sua avaliação e estudo de argumentos: a propriedade dos argumentos que interessa à lógica não é a sua força persuasiva ou seu valor prático, mas sim a sua validade.
A validade é uma relação entre valores de verdade.
Ela é expressa ao se dizer que, dado que determinadas proposições (ou sentenças, ou afirmações) são verdadeiras, então necessariamente outra proposição é verdadeira. Assim, se houver uma relação entre as premissas de um argumento e sua conclusão tal que é impossível que a conclusão seja falsa quando as premissas são verdadeiras, então esta é uma relação de validade.
A lógica é o estudo da validade de argumentos. A lógica é uma instrumento e linguagem formal ( onde a forma é o importante), como a matemática, ocupa-se essencialmente de relações. A diferença está em que a lógica se ocupa de relações entre proposições ou sentenças, e não somente de números, funções geométricas, operações algébricas. E na lógica há apenas valores binários:
1 - 0
Verdade - Falsidade.
Na Lógica uma coisa não pode ser e não ser ao mesmo tempo, por isso na lógica não há contradição.
Uma coisa não pode ser verdade e falsidade ao mesmo tempo, nem em outros tempos e lugares. O valor lógico é universal e satisfatório.
A Lógica é o estudo do raciocínio válido.
Utilizada em atividades mais intelectuais, a lógica é estudada principalmente nas disciplinas de filosofia, matemática, semântica e ciência da computação. Ela examina de forma genérica as formas que a argumentação pode tomar, quais dessas formas são válidas e quais são falaciosas.
Por fim, a lógica também é estudada na teoria da argumentação.
A lógica é frequentemente dividida em três partes:
O raciocínio indutivo:
O método indutivo ou indução é o raciocínio que, após considerar um número suficiente de casos particulares, conclui uma verdade geral. A indução, ao contrário da dedução, parte de dados particulares da experiência sensível. De acordo com o indutivista, a ciência começa com a observação
O raciocínio abdutivo:
O raciocínio abdutivo geralmente começa com um conjunto incompleto de observações e prossegue para a mais provável explicação possível para o grupo de observações. Baseia-se em fazer e testar hipóteses usando a melhor informação disponível. Muitas vezes, implica fazer um palpite educado depois de observar um fenômeno para o qual não há uma explicação clara.
O raciocínio dedutivo:
O raciocínio dedutivo é uma das duas formas básicas de fundamentação válida. Começa com uma hipótese geral ou fato conhecido e cria uma conclusão específica dessa generalização.
Leis Gerias da Lógica:
Contradição:
Não há uma proposição falsa e real ao mesmo tempo;
Meio excluído:
Ou é F ou é V não há um terceiro valor;
Funcionalidade:
O valor de um proposição composta P (q,r,s) é V ou F determinado o valor das proposições que a contém.
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