terça-feira, 19 de novembro de 2019

Filosofia com alguma finalidade

Quando nós conduzimos discussões filosóficas com estudantes dos mais diversos níveis e tipos de formação, desde adultos até jovens e crianças, a filosofia parecer ser envolta em pensamentos dissonantes (ninguém pensa assim), fora do lugar e distante da realidade, mas é justamente ao contrário, pois a filosofia como prática reflexiva de vida está grudada na realidade.
As questões filosóficas ajudam a configurar uma forma de pensar "quem sou eu" diante dos outros e da realidade, por isso, ajuda aos estudantes viverem de maneira mais satisfatória, menos perigosa, pois ao pensar primeiro sobre si, além do instinto, o  ser se humaniza e por isso se torna melhor.
  
Na charge acima a primeira pergunta parece ser um devaneio, uma pergunta ingênua e infantil, mesmo porque a curiosidade pueril faz parte da filosofia. A resposta do adulto, na charge, busca conformar a criança, em "você não tem idade para entender,"  ou seja, cresça e apareça, ou melhor, "conheça primeiro a ti mesmo", parafraseando Sócrates. A consciência de si é importante para expansão da vivência em sociedade. A última frase, nos devolve o humor, a sinceridade e doçura quando o adulto admite que nele também persiste essa indagação infantil-pueril, assim ele consegue se colocar no lugar do outro, o que pergunta, e esforça-se ao considerá-lo ao dar uma resposta completa.
As perguntas filosóficas estão contidas também em decisões práticas sobre as nossas vidas.
O Menino Maluquinho parece fazer perguntas filosóficas e etéreas, sem estar atendo as questões do cotidiano, da vida, mas os colegas dele parecem entender que as questões e as preocupações  do Maluquinho deveriam estar  mais atreladas ao cotidiano, as circunstâncias nas quais ele está inserido. Nesse sentido as indagações são práticas. 
Já na charge abaixo, as indagações  não são filosóficas, mas a resposta nos leva a questões profundas como: "O que é ser feliz?"
O planejamento da vida, parece ser restrito para o interlocutor do menino ao planejamento da profissão e da realização material, necessária da vida. Porém, a resposta do garoto remete à indagações existências ao sujeito que pergunta. A busca por felicidade é realista? 
Dessa forma as reflexões filosóficas para as crianças e em qualquer tempo, são saídas importantes para a realização da prática de vida, que vai desde a realização profissional, cidadã até a atuação política dos indivíduos.    

Rafael dos Santos Borges.
As charges foram retiradas do perfil tirinhas inteligentes no instragram.


segunda-feira, 11 de novembro de 2019

As filosofias políticas


As abelhas, os peixes de cardumes, os  lobos, os macacos bonobos e outros animais vivem em "sociedades"  com até com um certo grau de complexidade, bem como há "sociedades" tais como as secretas, as limitadas e as sociedades assistenciais, mas essas "sociedades" são marcadas por organizações pré-determinadas  pela genética, instinto e sobrevivência natural (as primeiras) e definições pré- estabelecidades em contratos, com delimitações objetivas (as segundas). Pode haver tensão política interna nessas sociedades, mas quando se trata de política, trata-se de algo mais complexo pois, nossa Sociedade é Política e o tema é polêmico. Em política o destino comum está em jogo. Por isso, esse um tema que leva vida para filosofia e filosofia para a vida. Por ser um ser político o homem é um ser pensante.
Política: o Grego: πολιτικός / politikos, significa " de, para, ou relacionado a grupos que integram a Pólis ") denomina-se a arte ou ciência da organização, direção e administração de nações ou Estados; a aplicação desta ciência aos assuntos internos da nação (política interna) ou aos assuntos externos. Nos regimes democráticos, a ciência política é a atividade dos cidadãos que se ocupam dos assuntos públicos com seu voto ou com sua militância.
Vamos ver algumas definições chaves sobre as abordagens em relação a Política de importantes filósofos:
Aristóteles em 1252 a.C. :
"Vemos que toda cidade é uma espécie de comunidade, e toda comunidade se forma com vistas a algum bem, pois todas as ações de todos os homens são praticadas com vistas ao que lhes parece um bem; se todas as comunidades visam algum bem, é evidente que a mais importante de todas elas e que inclui todas as outras, tem mais que todas, este objetivo e visa ao mais importante de todos os bens; ela se chama cidade e é a comunidade política"
Aristóteles idealizava política a tudo o que se relaciona à busca de ações para o bem-estar tanto individual como coletivo.
Maquiavel entre 1469-1527:
A política não é vista mais através de um fundamento exterior a ela própria (como Deus, a razão ou a natureza), mas sim como uma atividade humana. O que move a política, segundo Maquiavel, é a luta pela conquista e pela manutenção do poder. O Príncipe" tem um estilo elegante e direto. Suas partes são bem organizadas, tanto na apresentação quanto na distribuição dos temas. O procedimento principal do narrador é comparar experiências históricas com fatos contemporâneos, a fim de analisar as sociedades e a política. Em algumas passagens, o próprio autor se torna personagem das situações que descreve. Podemos dividir a obra política de Maquiavel em quatro partes: classificação dos Estados; como conquistar e conservar os Estados; análise do papel dos militares e conselhos aos políticos para manutenção do poder. Dizemos que Maquiavel é o fundador do pensamento político contemporâneo, pois foi o primeiro a pintar os fatos como são e não como deveria ser.
Tomas Mórus, 1478 – 1535:
Mas o pensamento de Tomas Mórus (1478 e 1535), traz para a Política uma ideia de idealização cunhada por ele por UTOPIA: e de evidente influência platônica e agostiniana), o autor apresenta uma ilha imaginária, chamada Utopia (u, negação; topos, lugar) que seria um protótipo da perfeição social, da mais plena harmonia em termos de convivência humana, um “não lugar” de rejeição do real (que está falido) e de esperança no ideal (que se deseja construir). Essa ilha acabou denominando o termo útil até hoje para significar uma sociedade perfeita ou ideal: Utopia!
O pensador vive sob um regime totalitário e escreve uma obra sobre uma sociedade que não existe representando por meio dela uma forma de governo considerada ideal, é possível que ele tenha escrito uma utopia, mesmo que sua obra não esteja diretamente vinculada à filosofia. Também pela definição posterior do termo, como gênero, podemos entender que a obra “A República” de Platão, embora escrita antes da obra de Mórus, trata-se de uma utopia, pois nela mostra-se a criação de uma cidade governada por reis-filósofos para responder à questão “o que é justiça?”.
Uma das marcas que indicam, em uma obra filosófica, a diferença entre uma utopia e uma Filosofia Moral ou Política é a exposição do pensamento: em vez de o autor de uma utopia trabalhar com conceitos e argumentos, ele expõe os conceitos aplicados a uma situação concreta.
Karl Marx 1818-1883:
Karl Marx (1818-1883) foi um economista, filósofo e sociólogo. Em 1848, junto com Friedrich Engels, publicou o Manifesto Comunista: um breve resumo do materialismo histórico e um primeiro esboço da teoria revolucionária que mais tarde ficaria conhecida como marxismo.
Marx é um pensador crítico da sociedade que procurou revolucionar não apenas a sociedade, mas as possibilidades políticas do pensamento, a partir de uma interconexão entre teoria e prática. Em Marx a atividade humana é força criativa, simultaneamente sujeito, ator e autor da história, mesmo que o seja sob as circunstâncias que lhe são histórica e socialmente dadas. “Por isso, Marx redigiu, no décimo primeiro aforismo das ‘Teses sobre Feuerbach’, que ‘Os filósofos têm apenas interpretado o mundo de maneiras diferentes; a questão, porém, é transformá-lo’”.
Dessa maneira Karl Marx implicou a filosofia com o engajamento político do filósofo.
Max Weber 1864-1920:
Já Weber (1864-1920) compreende como “política” qualquer tipo de liderança independente em ação. ... “Quem participa ativamente da política, luta pelo poder quer como um meio de servir a outros objetivos, ideais ou egoístas, quer como 'o poder pelo poder', ou seja, a fim de desfrutar a sensação de prestígio atribuída ao poder. Para esse pensador o Estado que se tornou referência para o pensamento político ocidental influenciando o direito, a sociologia e as ciências políticas e as teorias sobre as relações internacionais. Segundo o autor, o Estado se caracteriza pelo exercício do monopólio legítimo da violência sobre um determinado território. As formas de legitimação do poder são um componente importante da obra de Max Weber.
John Rawls 1921-2002:
O filósofo liberal norte-americano John Rawls (1921-2002) costumava dizer que a última coisa de que gostaria era de se tornar assunto de teses acadêmicas. Não podia evitá-lo, porém. O que a frase acima indica é que ele preferia que seu pensamento servisse de inspiração para que outros implementassem, ou levassem adiante, suas ideias, em vez de se limitar a alimentar teses e doutores. Dedicou boa parte de sua vida acadêmica, se não toda ela, à elaboração de uma teoria da justiça, à qual deu o nome de “Justiça como eqüidade” (Justice as fairness). Sua teoria foi apresentada de modo mais consistente, em 1971, em Uma Teoria da Justiça, e a partir daí se ocupou em responder às críticas e corrigir ou alterar aspectos dela. O conjunto de sua produção converge de maneira impressionante para seu tema central: como tornar as sociedades mais justas? Seus conceitos têm sido incorporados na teoria e na prática políticas.
Hanna Arendt 1906-1975:
Hanna Arendt em 1950, respondeu à pergunta “O que é política?” da seguinte maneira:
 “A política baseia-se na pluralidade dos homens. Deus criou o homem, os homens são um produto humano mundano, e produto da natureza humana. A filosofia e a teologia sempre se ocupam do homem, e todas as suas afirmações seriam corretas mesmo se houvesse apenas um homem, ou apenas dois homens, ou apenas homens idênticos. Por isso, não encontraram nenhuma resposta filosoficamente válida para a pergunta: o que é política? Mais, ainda: para todo o pensamento científico existe apenas o homem — na biologia ou na psicologia, na filosofia e na teologia, da mesma forma como para a zoologia só existe o leão. Os leões seriam, no caso, uma questão que só interessaria aos leões (...)
Brilhante! O homem arquetípico – o Adam-Kadmon, o Adapa sumeriano, o Adão bíblico – simplesmente não existe: é uma criação da cultura patriarcal. Os que existem são os seres humanos, com todas as suas diferenças, impurezas e imperfeições. Arendt percebe que Platão (e não precisaria dizer “até mesmo”) não pode apreender a política porque repete a tradição vertical que substitui o ser concreto pelo modelo. Platão, aliás, foi o mais prolífico dos pensadores apolíticos: o seu regime ideal (a aristocracia iluminada dos guardiães ou reis-filósofos que dirige uma sociedade de castas) foi pensado para este homem imaginário, que não precisa interagir com ninguém para ser um ser político. E isso porque, de fato, não o é – e sim um ser apolítico. A política é um tipo de interação. O homem como ser apolítico é a matéria-prima ideal da autocracia. No caso de Platão, do totalitarismo e do racismo”.
Outros filósofos teóricos que são importantes para entender a filosofia, seguem alguns desses:
·      Phillip Pettit , 1945, teórico político irlandês que está atualmente radicado nos Estados Unidos, onde leciona na Universidade de Princeton. Desenvolve proficuamente trabalhos nas mais diversas áreas como psicologia, moral e filosofia, mas tem obtido grande sucesso com suas obras sobre aspetos da participação política, controle e fiscalização do Estado e, principalmente, República, com seu "neo-republicanismo".
·       Slavoj Žižek (esloveno IPA: [ˈslavoj ˈʒiʒɛk] Ltspkr.png ouça, Liubliana, 21 de março de 1949) é um filósofo esloveno. Ele é professor do Instituto de Sociologia e Filosofia da Universidade de Ljubljana e diretor internacional da Birkbeck, Universidade de Londres. Ele trabalha em temas como filosofia continental, teoria política, estudos culturais, psicanálise, crítica de cinema, marxismo, hegelianismo e teologia.
·     Iris Marion Young (1949-2006). Era professora de Ciência Política da Universidade de Chicago e afiliada ao Gender Studies Center (Centro de Estudos de Gênero) e a seu Programa de Direitos Humanos. Sua pesquisa abrangia Teoria Política, Teoria Feminista e análise normativa de políticas públicas.
·      Nancy Fraser (1947) ma importante pensadora feminista, preocupada com as concepções de justiça. Argumenta que a justiça é um conceito complexo que deve ser entendido sob três dimensões separadas, embora interrelacionadas: distribuição (de recursos produtivos e de renda); reconhecimento (das contribuições variadas dos diferentes grupos sociais); e, representação (na linguagem e em todo o domínio do simbólico).

  Sites consultados:

S      https://brasilescola.uol.com.br/politica/politica-definicao.htm
        https://www.sabedoriapolitica.com.br/
   
     Bibliografia:
     
    SEVERINO, Antônio Joaquim. Formação política do adolescente no Ensino Médio: a contribuição da Filosofia. Pro-Posições. Campinas, v. 21, n. 1, p. 61, 2010.

DOWBOR, Ladislau. Esquerda e Direita frente à Ética. Pesquisa & Debate. Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados em Economia Política., v. 29, n. 1 (53), 2018. Disponível em https://revistas.pucsp.br/rpe/article... Acesso em 20/03/2020 HANNS, Luiz, Os perfins piscológicos de quem é de direita e de quem é de esquerda: Casa do Saber. Canal do Youtube. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=qQ3ht... Acesso em 20/03/2020

  
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quinta-feira, 7 de novembro de 2019

Índio bom é índio morto


        Os cronistas europeus da época em que tiveram os primeiros contatos sistemáticos com os indígenas, narravam que esses consideravam os europeus, amigos ou inimigos, conforme fossem tratados: amistosamente ou com hostilidade. Essa visão de docilidade e imagem de índio bom é submisso, prevalece, mas o índio não é sujeito de direito.  
       Com o passar do tempo essa relação sofreu alterações, por exemplo, com a instalação do Governo Geral, em 1549, intensificou-se a escravidão dos indígenas nas diversas atividades desenvolvidas na colônia, gerando constantes conflitos - O mais famoso foi a Confederação dos Tamoios (1554-1567). 
        Mas a narrativa mística e ideológica (por isso mentirosa) das raças harmoniosas, dentre elas a do índio, nativo, gentio, cativante e indolente, não resiste a um olhar sobre a demografia do Brasil. Houve um genocídio,  porém romantizado ao ponto de ser naturalizado e estar, agora, em curso pleno. A Nação acha que está tudo bem, pois esse é o papel que cabe ao índio, imortalizado em Museu, restrito a reserva, ou simplesmente morto.
         Acredita-se que cerca de 3,5 milhões de índios habitavam o Brasil na época da colonização. Dividiam-se em quatro grupos linguístico-culturais: Tupi, Jê, Aruaque e Caraíba, segundo os Jesuítas, hoje (IBGE, Censo 2010), existem:

  • Total de indígenas: 817 mil
  • Etnias: mais de 300
  • Línguas: 274
  • Isolados: 82 referências; 32 confirmadas.
Mesmo depois de cinco séculos, os índios brasileiros permanecem sendo um mistério para o homem branco-europeu-invasor-dominante. Não se pode afirmar com certeza de onde vieram, embora a teoria da migração via estreito de Bering continue sendo a mais provável - mesmo tendo perdido a primazia e, principalmente, a exclusividade. Quando teriam chegado à América também é assunto ainda polêmico: 12 mil, 38 mil ou a 53 mil anos atrás? Ninguém sabe ao certo. 
A relação entre os brancos e os índios foi marcada por escravidão, submissão, conflito, extermínio, resultando no maior genocídio conhecido da história.
Até o século XX o contingente populacional indígena, caboclo, tradicional era significativo. Porém, o indígena de fato sempre foi tratado como empecilho:

Dos primeiros anos da colonização até a Lei de Terras (séculos XV-XIX) ocorre uma destruição radical das populações originárias, bem como a dispersão e diversas formas de migrações compulsórias, produto da expulsão de seus territórios. A Lei de Terras exerceu a função de institucionalizar formas de expropriações. Os povos que resistiram e adentraram os sertões e outras regiões de difícil acesso no país, durante o século XX, continuam ameaçados com os avanços de formas de exploração capitalista no campo. Os processos constantes de expulsão de indígenas levam-nos a compor uma massa de trabalhadores espoliados e em condições de extrema precariedade, seja nas pequenas ou nas grandes cidades. (SILVA,2018)

       O excerto acima faz parte de uma pesquisa acadêmica desenvolvida por uma indígena. Nele com muita sensibilidade e poder de síntese se resume que o índio vale menos do que terra, é é coisificado, valendo menos que gente.
      Na contemporaneidade da Nação republicana independente, foi criado no SPILTN - Serviço de Proteção aos Índios e Localização de Trabalhadores Nacionais (1910) e posterior SPI – Sistema de Proteção ao Índio (1918), tais serviços estavam ligados aos ministérios e órgãos que tratavam das questões fundiárias,  com isso já denota que a questão da posse da terra, ou da capitalização da terra estava sobre os corpos e a vida dos indígenas.
        A Funai foi crida em 1967 papel de integrar os indígenas à sociedade dominante sob a tutela, dentro de uma relação paternalista e intervencionista, com ações assistencialistas de assimilação das sociedades indígenas, gerando uma macula de visão segundo o qual os indígenas devem ao branco submissão e estão em estado de dependência.
      A política indigenista no Brasil é ambígua, pois tutela o índio, restringe à reserva, de fato busca o proteger, porém, os indígenas não tem voz, quando reclamam são marginalizados e desapropriado do lugar de fala. A reserva traz em si o dilema de se revelar gueto, campo de concentração e oásis de proteção,  garantia de vida mínima. 
       Hoje 2018/2019 nota-se um aumento do genocídio, que está em curso, acentuando-se desde 2013, mas com aumento de 20% desde o ano passado. Em 2018, segundo o Conselho Indigenista Missionário (citado em reportagem do G1Natureza, listado abaixo), além dos 40% de aumento de conflitos em dados preliminares de 2019.
       Portanto, ouça o silêncio sobre o genocídio em curso no Brasil das populações indígenas. Silêncio esse causado pela ânsia sobre a terra, uma visão egoísta, atrasada e unívoca, por isso autoritária, de que a terra deve estar disponível para a mesma forma de exploração que os brancos europeus vivenciaram. A Nação deve saber respeitar e conviver com as outras nações internas, os brancos têm a maioria da população, do território e do poder econômico, deve a nação branca, reserva-se a viver como está, sem querer desapropriar, avançar, deve a Nação branca pensar em si, antes de se impor ao outro.
Segue também, uma série de imagens de um slide retirado do site do senado sobre a temática aqui exposta.

Referência Bibliográfica:
SILVA, Elizângela Cardoso de Araújo. Povos indígenas e o direito à terra na realidade brasileira. Serv. Soc. Soc.,  São Paulo ,  n. 133, p. 480-500,  Dec.  2018 .   Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-66282018000300480&lng=en&nrm=iso>. Acesso em:  07  Nov.  2019.  http://dx.doi.org/10.1590/0101-6628.155
Link e Reportagens:
https://www.instagram.com/tv/B4pQMCRhuLf/?igshid=1ula1n1temf1k































sábado, 2 de novembro de 2019

O que é pensamento computacional?


São Paulo, 24 de fevereiro de 2016.
Os professores José Armando Valente e Maria Elizabeth Bianconcini de Almeida, propuseram as questões abaixo, das quais seguem as minhas reflexões:

1) O que é pensamento computacional para você? Dê um exemplo de situação concreta na qual você coloca em ação o pensamento computacional.

Minha reflexão: A técnica e a tecnologia computacional aumenta a capacidade humana naquilo que se refere as atividades intelectuais, cognitivas, como o armazenamento de memórias, organização para os cálculos e codificação das informações, sem que isso nos livre dessas ações e reponsabilidades, por fim o homem memoriza ao gravar, ou depositar e lembrar das suas informações no google, ou no seu HD,  o homem calcula com uma calculadora científica, organiza sua vida de sua maneira em uma planilha ou banco de dados. Assim, nossa estrutura de pensar acaba por prescindir dessa forma  de organização que tem uma programação anterior. Porém, tal ferramenta não é neutra, sua estrutura e maneiras de pensar e agir é restrito por seus elaboradores. Por exemplo, meu filho ao jogar um game, parece brincar num universo infinito, mas ele tem limitadas capacidades de execução de jogadas possíveis, dentro daquilo que foi programado, bem por isso ele antecipa jogadas e fases por entender os limites e as potencialidades do jogo, mas o universo da sua construção imaginária terá apenas como referência a experiência do jogo proposto por seus idealizadores. 

2) Qual a distinção entre pensamento computacional e raciocínio lógico?


O formalismo lógico me permite averiguar com determinados instrumentos a força, validade, coerência de um argumento e de um raciocínio, bem como através dele eu posso classificar e categorizar objetos na sua singularidade, gênero e universalidade. O pensamento computacional também opera num rigor de formas, tributário da organização lógica formal, contudo seu emprego pode ser mais livre, criativo e ampliado para outras circunstâncias da vida, sem a necessária variação binária entre verdade e falsidade. Com o pensamento computacional potencializa-se o “talvez,” pois tenho ferramentas que além do emprego científico e pragmático, posso ir além e criar artes e transgressão.

Prof. Dr. Rafael dos Santos Borges,
Doutor em Educação: Currículo. PUC-SP.
Fatec Rio Preto. 

A imagem foi retirada de um ótimo artigo sobre desenvolvimento do pensamento computacional:

MARTINELLI, Suéllen; ZAINA, Luciana; SAKATA, Tiemi. O Pensamento Computacional em Atividades de Ensino mediadas pelo Professor do Ensino Fundamental I: Um Estudo de Caso. In: Anais do Workshop de Informática na Escola. 2018. p. 509. Disponível em: https://dcomp.sor.ufscar.br/wp-content/uploads/2012/07/DComp-TR-004.pdf  Acesso em 02/11/2019. 

Qual a função social da solidariedade?




Cuidar de si, dos seus chegados e próximos já uma tarefa difícil que requer tempo e paciência, quando muitas vezes  não há uma retribuição na mesma medida. Nós ajudamos pessoas que não nos agradecem e às vezes parece não merecer a nossa atenção, mas mesmo assim continuamos a ajudar.
Pois solidariedade significa: 

Ato de bondade e compreensão com o próximo ou um sentimento, uma união de simpatias, interesses ou propósitos entre os membros de um grupo.
1.     Cooperação mútua entre duas ou mais pessoas.
2.     Identidade entre seres .
3.     Interdependência de sentimentos, de ideias, de doutrinas.

Na sociologia, existe o conceito de solidariedade social, que subentende a ideia de que os seus praticantes se sintam integrantes de uma mesma comunidade e, portanto, sintam-se interdependentes.
Assim os agentes solidários são responsáveis por manter a coesão social, a sociedade unida e do ato solidário não deve esperar retribuição, solidadriedade e necessário para viver em sociedade. 

quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Entender como os jovens se comunicam é entender a revolução





“A juventude é, sobretudo uma soma de possibilidades.” (Albert Camus). 

Na sociedade moderna, embora haja variação dos limites de idade, a juventude é compreendida como um tempo de construção de identidades e de definição de projetos de futuro. A juventude é a fase da vida mais marcada por ambivalências. Ser jovem é viver uma contraditória convivência entre a subordinação à família e à sociedade, ao mesmo tempo, grandes expectativas de emancipação, que gera conflito e revoltas.
Na sociedade pós-moderna, uma das barreiras quebradas (colocada em liquidação) é a separação entre o tempo dos jovens e o tempo dos adultos. Com certa promiscuidade não há mais tema, assunto, ou gênero que não seja discutido com os jovens e até crianças.
Porém, a marginalidade do jovem ainda é um TABU: 

Ser jovem é ser "suspeito", isso é senso comum e pauta da mídia. O tema da violência está bastante associado aos jovens, sobretudo aos mais pobres, do sexo masculino e negros. Sempre há estatísticas para comprovar que “são eles os que mais matam e os que mais morrem”. Assim como o já citado “medo de sobrar”, o “medo de morrer” prematuramente e de forma violenta também povoa transversalmente o imaginário desta geração. Esta questão está colocada para todos.

O tempo do jovem é o agora e, no agora vivemos uma revolução tecnológica dos meios comunicacionais, entender como os jovens se comunicam é entender a revolução.
Em um vídeo de  Castells, “O poder da Juventude é autocomunicação” postado no Youtube,  é explicado que além das diferenças de geração dos jovens de agora, há diferenças na maneira de se comunicar e por isso na maneira de pensar. Antes havia na época dos pais, a comunicação de massa numa relação de comunicador e espectador, agora temos a autocomunicação. Se fala mais do que se houve, se escreve mais do que se lê, se expõe mais do que contempla.
Num choque revolucionário protagonizado pelos jovens, (como deve ser) e reagido pelos velhos: Como estamos nisso? Como falar com meu filho?
Buscando o conflito e reconciliação dos sentimentos e ideias, devemos escutar os jovens e falar com eles, pois eles precisam da nossa memória, orientação e bondade. Sem comparar os tempos com juízo de valor, por exemplo, a expressão “na minha época,” ressalta com o “minha” o egoísmo e o distanciamento do adulto, ouça os jovens, não diga que são geração “nutella,” pois isso revela sua inveja  infantil sobre o doce. Oriente-os em suas preocupações, revele compaixão com o sofrimento dele. Os jovens, quando pobres, são retratados como perigosos, os jovens quando ricos como “ansiosos e frágeis,” mas a violência e fragilidade é construída pelo adulto.

Para saber um pouco mais leia: 

quinta-feira, 14 de março de 2019

Vídeo Game:Moral e Ética.


Nós nascemos sem regras, sem nada que vá delimitar a nossa vontade e desejo, ainda que na infância até os cinco anos nós criamos e aceitamos condições para sociabilidade, como esperar a vez, segurar o choro, segurar até as necessidades fisiológicas (se você faz cocô e xixi descontrolado isso te impede de brincar), é dos cinco anos em diante que as brincadeiras ficam mais complexas e nos interessamos mais em brincar com os outros, dentro de determinados regras e determinados jogos, por isso jogos são tão importantes.
A moral nos é embutida por regras com sanções e premiações na vida toda, bem como nos é imbuída pela idealização de um herói modular exemplar, em suma regras ensinam e exemplos arrastam.
Os jogos virtuais interferem na constituição moral das pessoas sim! Mas, muito mais de maneira positiva, pois nos ajuda com a cognição e aceitação das relações éticas e menos relacionados a psicoses. Os jogos são utilizados para educar e inclusive para educação escolar com sucesso.
Os jogadores de vídeo - game são concentrados e resilientes, pois eles têm que superar dificuldades, várias vezes, com diferentes estratégias, sentindo-se cansados, frustrados para depois ter a satisfação de dever cumprido, em total consonância com os valores da nossa sociedade.
Ainda que os personagens dos jogos são esteticamente feios, usem armas, isso faz parte do enredo e do marketing que responde a essa estética que tem aderência com os outros valores da sociedade. Os heróis ficcionais são modulares exemplares, mas eles estão em um âmbito fictício, que mais nos lembra da nossa impossibilidade de realizar, do que de ser e fazer como eles. A influência de personagens fictícios é bem menor do que a dos reais, em verdade é um escape da realidade. Por isso, culpar os jogos pela chacina de Suzano é  muito ligeiro.
A realidade expressa e reconfigurada nas redes sociais tem mais influência sobre os assassinos do que os jogos.  As redes sociais, os comentários abertos de jornal, os fóruns de discussão tem criado um clima de guerra, ou, um clima contrário a paz social mais facilmente relacionado com a chacina de Suzano do que os jogos. Sendo muito mais influente sobre as crianças e adultos as correntes  de teoria da conspiração das redes socais e dispositivos de comunicação em massa do que os jogos violentos, de terror, ou ainda filmes e músicas.
Certamente tais obras de arte para consumo (vídeos-games) são complexas e manipuladoras da emoção, quanto mais medo e maior o desafio, melhor o jogo, porém o jogo você desliga, reinicia, desinstala, mas o ódio propalado e as teorias de guerra de todos contra todos das redes socais não tem como você desligar e controlar.
Os assassinos da escola de Suzano se inspiraram em monstros reais propagados, defendidos, mistificados e idealizados pelas redes sociais. Muito mais próximos da nossa realidade do que os jogos de realidade virtual.

Rafael dos Santos Borges, professor de Ética, Metodologia, Sociedade e Tecnologia, mestre em sociologia da educação, doutor em educação: currículo, novas tecnologias.

Referências de Leitura:
PIAGET, Jean. O juízo moral na criança. São Paulo: Summus, 1994.
 ____________. O julgamento moral na criança. São Paulo: Mestre Jon, 1977.

quarta-feira, 13 de março de 2019

Analogia


A analogia é o raciocínio que se desenvolve a partir da semelhança entre casos particulares. Através dele não se chega a uma conclusão geral, mas só a outra proposição particular.
Além disso, assemelha-se à indução, mas considera somente um caso particular como ponto de partida. Na nossa vida prática, são comuns as ações por analogia:  
·       Se a minissaia fica bem numa atriz de TV, muitas espectadoras tendem a pensar que também ficaria bem nelas;
·       Se tal remédio fez bem para um amigo meu, logo deverá fazer bem a mim também;
·       Se fulana emagreceu com um tipo de regime da lua, logo cicrano também emagrecerá; e assim por diante.
Com a esperança nem sempre válida de obter os mesmos resultado a analogia serve para o raciocínio, mas não para todo o raciocínio formal e científico. Ele constituí em um elemento primordial, primeiros passos ao estabelecer relação entre o já sabido e o por saber.


Vamos fazer o seguinte exercício:

O Trem está para a Terra assim como o Navio está para:
O Livro está para Escritor assim como o Quadro está para:
 Alegria está para Tristeza assim como o Contínuo está para:
O Grafite está para o Lápis assim como a Água está para:
O Automóvel está para o Combustível assim como a Lâmpada esta para:
A Música está para o Ouvido assim como o Perfume está para:
O Peixe está para o Ar Puro assim como a Barata está para:
A Mentira está para a Falsidade assim como a Verdade está para:
As Roupas estão para o Cesto assim como o Pé está para:

quinta-feira, 7 de março de 2019

Filosofia para o dia a dia


Uma questão de grande abstração filosófica está em questionar a essência do ser. Outra questão que requer abstração é a busca essencial da verdade.
Desde os primórdios da busca do homem por sabedoria dos pré-socráticos que buscavam a cosmologia, ou seja, a busca por entender a razão que rege o universo parece-nos que os filósofos buscam observam o nada para ver a tudo. 
Contudo, a filosofia nos auxilia na tomada de decisão racional sobre questões pragmáticas e do nosso trabalho. Passamos boa parte do nosso tempo de trabalho organizando dados administrativo, tecnológico, informacional e computacional. Por isso, executamos exatamente a mesma tarefa que os filósofos, pré-socráticos, socráticos, platônicos e medievais fazia: estabeleciam critérios de categorização:


 A teoria dos UNIVERSAIS.

Formulado claramente pela primeira vez por Platão, o conceito de "universal" refere-se àquelas entidades relativas aos tipos ou categorias, instanciadas por particulares. Em geral, um universal será identificado com uma espécie (categoria ou tipo), propriedade ou uma relação, enquanto um particular será um objeto particular que instancia tal propriedade ou uma instância específica da relação.
Exemplos de universais incluem a propriedade "vermelho", a relação "estar entre" e o tipo "gato". Estes são instanciados por seus particulares equivalentes como uma maçã vermelha, uma pedra entre dois pilares ou um gato particular chamado Spock, que pertence ao descobridor do cometa de mesmo nome. O cometa por sua vez é um particular que instância universais como, o tipo "cometa" e a propriedade "maciço". Assim, vemos que cada particular, em geral, instanciará mais de um universal e a quantidade de particulares que instanciam um universal depende exclusivamente de quantos daquele particular existem no mundo. Se um universal instanciado por apenas um particular é, ainda assim, um universal permanece uma questão em discussão”
(Por Willyans Maciel para o site infoescola)

Por isso nos interessa que você pense em tudo o que conhece:
Tudo: As Ideias e  Cada coisa real
Percebe que suas representações sobre as coisas são mais significativas do que cada coisa.
Por isso o ato de pensar requer uma organização que explique o que todas as coisas são e como cada coisa é ...
Para saber um pouco mais sobre a teoria dos universais veja o site em que se baseou esse post:
https://www.infoescola.com/filosofia/universais/   

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

Profissão do meu futuro agora!


(Link da imagem: http://observatoriodajuventude.ufmg.br/juviva-conteudo/05-03.html)
(Aproveite e veja o site do Observatório da Juventude da UFMG: http://observatoriodajuventude.ufmg.br/juviva-conteudo/index.html)  


Esta é uma entrevista cedida para Alana Grabriela em 12 de dezembro de 2018. Alana foi aluna da Etec José Carlos Seno Júnior de Olímpia quando eu era professor lá e hoje é estagiária do Diário da Região de Rio Preto.
(Alana -entrevistadora): Como um sociólogo. Quais serão as profissões e os empregos que estarão em alta no futuro?

(Rafael - eu- entrevistado): O trabalho ocupa parte importante da existência humana e a sua realização de trabalho, além de ocupar maior parte da nossa jornada, entre 8h e 12 horas do nosso dia, é aquilo que deixamos para posteridade. Contraditoriamente desenvolvemos tecnologias para trabalhar menos e trabalhamos mais. As profissões que envolvem cuidado (cuidadores de idosos, de crianças) e profissões que envolvem criatividade (desenvolvimento e análise de tecnologias da informação, artes), tendem a se fortalecer numa sociedade mais longévoa e da informação como fonte da riqueza, ouvi dizer que dados são o petróleo dessa época.
(Alana -entrevistadora): Quais empregos que  vc acredita podem desaparecer?
(Rafael - eu- entrevistado): As funções laborais se fortalecem por demanda, espero que profissões que degradem a natureza, como mineração, por exemplo, deixem de existir e profissões de cuidado com o meio ambiente aumentem a sua demanda. Mas de maneira geral a força de trabalho se reinventa por conta das transformações da tecnologia e sociedade.
(Alana -entrevistadora):No meio dessa revolução tecnológica haverá tempo ainda para as pessoas se qualificarem?
(Rafael - eu- entrevistado): Uma visão positiva, a busca de qualificação profissional  será permanente e os trabalhadores serão mais intelectuais orgânicos, por isso terão mais qualidade de vida.
Uma visão negativa, a tal qualificação se torna apenas um mercadoria de serviço e a educação perde espaço para venda de certificados de qualificação.
(Alana -entrevistadora):No futuro o homem será a extensão das máquina, ou as máquinas serão a extensão do homem?
(Rafael - eu- entrevistado): As tecnologias são extensões humanas, a enxada extensão do nosso braço, o computador do nosso cérebro, ele nos auxilia com sua memória e rápida cognição. Os robôs são a extensão da nossa força e do nosso intelecto.
(Alana -entrevistadora):O empreendedorismo jovem pode ser a solução para o desemprego do futuro ?
(Rafael - eu- entrevistado): O empreendedorismo é  uma palavra muito bonita que dissimula o problema do desemprego. Os jovens não encontram emprego para acumular capital e sobreviver, então o verdadeiro jovem empreendedor vai fazer o que pode, usar a sua criatividade, vender lanche, customizar roupas e sites até de madrugada para garantir o seu. Mas a imagem midiática do empreendedor é o cara limpinho em um escritório,  numa boutique, esse cara deve estar brincando de trabalhar com o dinheiro que o pai acumulou, pois era empregado, ou foi empresário, num tempo em que as pessoas ficavam ricas fazendo e vendendo coisas reais, exemplo, a agricultura e a indústria, mas essas atividades tradicionais, ou se concentraram na mão de poucos, ou são mausoléus. Empreendedorismo jovem é possível de duas maneiras, ou você tem uma grana herdada e arrisca, ou você é pobre e se vira com o que tem e vai crescendo.

Professor Rafael dos Santos Borges, mestre em sociologia da educação, doutorando em educação: currículo e novas tecnologias, professor da Fatec de Rio Preto.